terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Carta de Amor

 

Ele larga a caneta de tinta preta,

Decide selar a carta com seu timbre,

Naquela instante, nada mais importa,

Apenas quer vê-la, abraça-la, beija-la...

 

Abre sua agenda, mês de julho, declara suavemente,

A razão me assiste ao direito a férias,

Entao, empurra-a para o final da mesa de madeira,

Forma simbólica de dar exclusividade a quem ama,

 

Pega a carta, uma lágrima borra a letra,

Mas nao chega a ferir suas palavras,

Elas se mantém intactas, firmes, resistentes,

Tal qual o amor que sente,

 

Recolhe uma flor do seu arranjo predileto,

E a repousa dentro da carta,

Com um beijo imaginário para lembra-la,

De que, ainda a ama e sente sua falta,

 

Uma vela esta acesa ao seu lado direito,

Fagulha de amor mal resolvido,

Pensa que o papel descrito encontra-se

Demasiadamente branco,

 

Dando a aparência de um amor recente,

Diante disso, passa a carta na chama,

Dando a ela a chance única de desaparecer,

De consumir suas palavras,

O fogo entende isso e se agita,

 

Como se sentisse o mesmo desejo de devorar,

E se esforçasse ao máximo para isso, sem êxito,

Agora a carta encontra-se escurecida,

Com aparência envelhecida,

 

Ofertando o amor que a anos guarda consigo,

Sem encontrar forma para demonstrar,

Fez-se silêncio em seu coração,

Feito um tigre que prepara-se para atacar

 

Traz a carta para mais perto,

Embebendo suas palavras em seu perfume,

Aquele que ele usou para ela a alguns anos,

Sera que ela lembraria de seu amor?

 

Sentia, com todo o seu carinho,

Que seu gesto derreteria qualquer mágoa,

Ou má lembrança que possa ter tentado aplacar

O amor que, ele sabia, os unia no decorrer do tempo,

 

O que mais poderia fazer?

Desejava com toda a alma, ama-la para sempre,

O amor em seu peito gritava faminto,

Sentia necessidade dos seus olhos escuros,

Do carinho do seu toque aveludado,

 

Do sabor dos seus beijos, sedentos em seus lábios,

De sentir aquele abraço apertado onde se sentia restabelecido,

É fim de tarde, não quer voltar para a casa sem te-la,

Passa por um café, sente-se entediado: ele entra,

 

A carta ainda esta no bolso do paletó,

Pediu duas xícaras, olhou para o lado,

Desejou com um piscar de olhos,

Que ela estivesse ali, deitada em seu ombro,

 

Tomou um café, depois o outro,

Em seu coração ainda vê seu rosto,

Linda, sorridente, tranquila, feliz,

Sua paixão responde a esta memória,

 

De um geito que não havia entendido antes,

Precisava ir até ela, estavam separados pela distância

De apenas uma cidade,

Pegou as chaves do carro e guiou-se até lá,

 

Chegou sem aviso, bateu a porta

Chamando seu nome, como sempre sonhou fazer,

Nao esperou mais que minutos,

E ela apareceu linda e alvorocada,

 

-Você? Nossa, como senti sua falta!

Disse ela, em um rompante de felicidade desmedida,

No mesmo instante em que se jogou em seus braços,

Fechando os olhos para receber o beijo de amor.

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