segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Ele Chorou

 

Ele acreditava que gostava dela,

Sentiu isso desde o primeiro olhar,

Embora não entendesse porque seu relacionamento,

Parecia negar-se a um futuro prodigioso,

 

Os sonhos que ele cultivou em si mesmo,

Foram os mesmos que viu naqueles olhos azuis acinzentados,

Ele tentou mandar flores, bilhetes apaixonados,

Contudo, suas vozes se calavam, por mais que houvesse diálogo,

 

Ambos não se alcançavam, se colocando em algum lugar distante,

Fechados em si mesmos, como se houvesse uma redoma

Que os impedia de aproximarem-se um do outro,

Naquele dia iria visita-la, passou o perfume preferido, vestiu a melhor roupa,

 

Não era exatamente a que ela gostava,

Mas ele sentia-se bem, não era isso o que importava?

Pegou sua moto, o capacete reserva e rumou para ela,

Ele sabia que ela sentia medo, mas sem alternativa não hesitaria,

 

Ele faria tudo para conquista-la,

Acreditava que apenas ao seu lado viveria uma vida tranquila,

Vez ou outra, ele entregava-se a bebida, ela não gostava,

Mas ele achava inoportuno o jeito como ela queria gerir sua vida,

 

Ao chegar em frente a sua porta,

Suspirou encantado, ela era muito mais linda do que a imagem criada

Em sua lembrança, trazida a ele de hora a hora,

Mantendo este amor vivo e seguro em sua memória,

 

Ela vestia um vestido vermelho, lábios e unhas na mesma cor,

Admiravelmente linda, apenas isso definiria seu amor,

Porém, notou com certa astúcia, um pingo de tristeza em seus olhos,

Ela teria que despir-se do vestido, talvez estragar o cabelo,

 

Que importava isso? Ele esperaria o tempo que fosse preciso,

A amava, isso era o máximo do que importava, não era?

Ela demorou em seu quarto, ele pensou em pedir pizza,

Então, ela desceu, trajava um shorts jeans curto,

 

Botas em couro preto, cano alto, correntes ao redor do corpo,

Ele pensou que era curto, mas não disse nada, estaria com ela...

Ela sentia-se presa, acorrentada a este amor,

Que acreditava, não a via, tampouco a respeitava,

 

Mas cada vez que mergulhava no escuro dos seus olhos,

Sentia amor neles e se entregava com toda a alma,

Então, ela cedia aos impulsos e seus encantos,

Mas não conseguia se imaginar tendo filhos,

 

Ela não entendia o por quê, mas parecia querer algo diferente disso,

Chegaram ao seu destino, ele bebeu um pouco,

Ela tomou seu suco, falaram sobre casamento,

Planos traçados para um futuro perfeito,

 

Mas um toque daquela conversa parecia ofende-la,

Ela não se sentia segura, a vontade, faltava algo,

Ao retornarem para a casa dela,

Ela o convidou para irem ao seu quarto,

 

Tinha urgência em senti-lo, entregar-se a ele,

Ela o amava, parecia a atitude correta a tomar-se,

Ele tocou com um pouco de força os seus dedos frágeis

Admirando suas unhas vermelhas longas e delicadas,

Minuciosamente arrumadas,

Como se ela fosse uma boneca a ser cuidada,

 

A puxou de encontro ao seu peito e beijou seus lábios macios,

De forma sôfrega, convidativa e exploradora,

Empurrando-a sobre a cama e despindo-a com maestria,

Ela fechou os punhos, escondeu as unhas sobre as palmas,

 

Ele a beijava, avançando sobre ela, falando algo sobre ama-la,

Ela ficava entre sorrisos, beijos, juras e algo que ela não entendia,

Ele se posicionou sobre ela, repousando sua mão em seu coração,

Ela não resistiu, ávida pelo sentimento que a envolvia,

 

Se alguém tivesse pedido a ela o que sentia,

Ela teria dito com toda a alma, amor, deve ser isso,

Mas quando viu suas correntes jogadas no chão,

Algo pareceu incomodá-la, sentiu acelerar o coração,

 

Pensou em desistir naquele instante, mas a voz falhou,

O que poderia dizer a ele? Ele viria com suas falácias sobre o amor,

E ela sabia, sempre que olhava no fundo dos seus olhos,

Ele a amava muito... amanheceu, o dia nasceu nublado,

 

Sua perna estava dormente, ela precisava ir trabalhar,

Assustada, percebeu que ele havia dormido com a perna sobre a dela,

Seu peito doía, parecia que lhe faltava o ar,

O braço dele estendia-se sobre ela, por uma noite inteira...

 

Ela rascunhou um bilhete depois de uma noite insone,

“Eu posso ter evitado usar a palavra arrependimento,

Não significa que não foi isso que eu tenha sentido,

Desculpa, não estou preparada para este amor desmedido,

 

Estou me mudando, deixo escrito o número do meu telefone,

Espero, com toda a alma, que algum dia nos encontremos,

E que eu o sinta mais maduro para tudo o que você propõe,

Por enquanto, me recuso a este amor inseguro”,

 

Ele acordou feliz, levantou com um sorriso satisfeito nos lábios,

Mas quando estendeu o braço para busca-la, se assustou, ela não estava,

Levantou, chamou seu nome com todo o amor que sentia,

Não houve resposta, então encontrou o bilhete sobre a mesinha,

 

Sentou-se desconcertado, lágrimas cobriram seu rosto,

Ela havia partido e pelo teor do bilhete,

Havia, inclusive, abandonado o trabalho,

“Meu Deus, onde eu posso ter errado?”, pensou ele.

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