sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Encontro Casual

 

Como todo o mês tem um dia especial,

Chegou o dia de quitar os boletos, afinal,

Pensou que teria que sair de casa,

Desejou ser o mais rápida que pudesse,

Pegou seu carro e seguiu sua rota,

Esperava que o tempo lhe auxiliasse,

 

No caminho ligou o rádio adorava ouvir as músicas,

Até que parou em uma sorveteria,

O que aconteceu lá a transformaria por inteiro,

Foi coisa que só se vive em sonho,

Tudo que sempre imaginou em seus melhores dias,

Aconteceram naquelas poucas horas da tarde fria,

 

Em uma lentidão terrível que parecia consumi-la,

Sentia que as coisas não se desenrolavam da forma prevista,

Claro, sempre imaginou que algum dia amaria,

Mas ali? Daquela forma constrangedora e de certa forma,

Pesarosa, ela nem em seus maiores tormentos imaginaria,

Ele estava sentado em uma mesa a frente dela,

 

Tomava seu sorvete, falava ao telefone,

Sorria de uma forma cativante,

Do jeito que ela nunca sonhou avistar antes,

Ela mordeu cada parte daquele picolé,

Deliciando-se ao vê-lo derreter em sua boca,

Em sua imaginação, ela o beijava, sugando-o,

Sentiu-se rubra, fingiu dar de ombros,

Apenas para olhá-lo com mais encanto,

 

Havia algo de magico naquilo,

Cada gota que bebia, a preenchia,

A fazia suspirar acordada, como uma menina apaixonada,

Ela desejou que ele se aproximasse e que isso acontecesse

Bem depressa, sua voz era poderosa, quente, suave, macia,

Em um misto de gravidade e melodia que apenas a ele seria possível,

De repente, seus olhares se encontraram...

 

Um pensamento insistente saiu do brilho dos seus olhos penetrantes,

Vindo parar em um sorriso que iluminou sua boca,

Havia um misto de timidez, amor e algo diferente,

Ele havia levantado, porém algo o deteve, não se aproximou,

Ela não resistiu ao impulso e com aquele mesmo sorriso displicente,

Caminhou, do jeito mais eloquente que pode,

 

Até o caixa para fazer o pagamento, procurou por sua carteira,

Não a encontrou, haviam tantas coisas em sua bolsa;

Ela sentiu-se esvair, era como se todo o sorvete que consumiu,

Tivessem se tornado uma bola em sua garganta,

Gelando-a, deixando-a tremula, lágrimas tomaram sua face,

Mas antes que ela embebesse seu sorriso em lágrimas,

 

Ele aproximou-se silencioso, com poucas passadas firmes,

Pondo-se atrás dela, com aquele sorriso de homem seguro,

Que a poucos era permitido ou digno de ter,

Pediu a ela licença, perguntando se poderia ajudar em algo,

Ela abaixou a cabeça, olhou para os pés, não sabia o que falar,

“Percebi que perdeu sua carteira, me permita ajudar”,

 

Falou ele, com aquela voz enigmática que ela jurou jamais esquecer,

Quando o viu abrir a carteira, percebeu que havia um cartão com seu nome,

Sorriu diante disso, era sua oportunidade de aproximar-se,

Se apresentou a ele, saíram juntos até a rua, sem esquecer de agradecer,

Pegaram caminhos opostos, mas ela sabia, depois de tê-lo em seu caminho,

Algum dia, algo os faria se encontrar de novo, não admitiria o contrário,

 

Ela hesitou, tentou se libertar da ideia de conquista-lo,

Mas algo em seu peito a chamava para ele,

Ela soltou um gritinho de felicidade incontida que refletia em seus olhos,

Pensou que a sorte a havia escolhido sem nenhuma impropriedade,

Como se ele a houvesse guiado até aquele lugar por ato de algo maior,

Algo que ela sentia, dentro dela; eram as mãos do amor,

 

Ainda sentia sobre a sua pele o toque dele ao cumprimenta-la horas antes,

Ele parecia pressiona-la de alguma forma, e ela gostava disso,

Os últimos raios de sol se erguiam no horizonte a sua frente,

Ele já estava chegando em casa, solitária, mas contente com aquilo,

Tantas pessoas cruzam pelo amor e não sabem reconhece-lo,

Ela jamais deixaria escoar pelos dedos sua oportunidade,

 

Ela estacionou na garagem, pegou o celular e digitou seu nome,

Encontrou-o em uma rede social e não resistiu: mandou convite,

Um convite singelo, para que fossem amigos, e talvez, pudessem tomar uma cerveja

Pensou alto com um sorriso confiante, ela lambia os lábios com vontade

De provar a cerveja, parecia senti-la percorrendo sua boca,

E poder usufruir de instantes mais em sua companhia, era o que mais queria,

Ele pareceu gostar da ideia, aceitou o convite na mesma hora,

 

Em seus planos e devaneios jamais permitiu-se apaixonar tão rápido,

Mas a quem seria permitido manipular as mãos do destino?

No que tange ao destino, ela era apenas uma serva nada mais que isso,

Não se desviaria dos seus preceitos, não suportaria perde-lo,

Lutou contra a vontade de se atirar em seus braços,

Mas jamais recusaria a oportunidade de tê-lo por inteiro.

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