Mas ele não conseguiu esquecer aquele beijo,
Selado em um abraço entre juras de esquecimento,
Aquela moça ainda era a razão dos seus sonhos,
E sobre suas noites insones? Ela também era o motivo,
Mais do que seria bom para quem desejava esquecer,
Descobriu isso, após sua quarta cerveja de certa noite,
De fato, a ausência da lua naquele instante também não contribuía,
Amor era a palavra que sempre usaria para defini-la,
Amor em se doar e amor em desejar receber de volta,
Isso o fez se apaixonar a primeira vista por ela,
Mas achou que seria insuficiente para desejar ficar,
Ele tinha tantos sonhos que pareciam se ofuscar
Ante o brilho daquele olhar de estrela da manhã,
Mas, fosse agora manhã, ele sabia teria se apagado,
Feito a estrela que apontaram no infinito
Em certa noite de verão em que, deitados na grama do quintal,
Juraram um para o outro: amor eterno, com a estrela para
testemunha,
A estrela não foi escolhida de forma aleatória, jamais
fariam isso,
Ele olhava para a sua alma brilhando no fundo dos seus
olhos,
E pode ver que ela também brilhava no firmamento,
Desta feita, apenas apontou a ela até onde alcançava seu
encanto,
Ela sorriu para ele em contento, sentiu-se satisfeita,
E isso, o fez ama-la mais ainda, mais do que acreditou que
conseguiria,
Ele a amou, de fato e jurou: não foi pouco,
Porém, algo o alertava para não arriscar-se tanto ao amor,
É certo que entre eles havia muita urgência despendida em
beijos,
As carícias pareciam derreter os medos desconhecidos,
Mas, de alguma forma, ele se perdia e se via se afastar,
Mesmo com o coração doendo e os passos incertos,
Em seu íntimo algo o gritava para não se arriscar,
Ela também receava, o olhava com olhos sérios,
Talvez até assustados, e ele não sabia o que fazer na hora,
Poderia até admitir que sim, teve medo,
Mas quando a sentia em seu abraço, pensava:
Não era exatamente isso, mas não conseguia se expressar,
As palavras pareciam entalar na garganta de maneira
Que apenas o doce dos seus beijos poderia desata-las,
Como se fossem um nó a calar a fala, emudecer as palavras,
Mesmo agora era demasiado difícil entender e pior ainda
explicar,
Lembrava de ter acariciado o rosto dela com a mão em concha,
Isso lhe valeu um sorriso, mas a sentia distraída,
Era como se ela se negasse a se entregar ao amor que sentiam,
Confessava-se que isso o deixa intrigado, até hoje perdido
em pensamentos,
Talvez pudesse considerar que isso se chamava saudade,
Mas de que o adiantaria agora que ela estava tão distante?
Recordava, também de ela ter retribuído a carícia ofertada,
Lembrava com um sorriso o jeito meigo como ela o tocou,
Se tornou notório que não conseguiria esquecer, nem se
permitiria,
Sempre que olhava o seu redor, podia vê-la, e as vezes até
senti-la,
Se ela o amasse lutaria por seu amor é o que repetia para si
mesmo,
Se ela tivesse sentido amor estaria neste instante ao seu
lado,
Mas ainda lembrava de ela ter se despedido com um até logo,
Talvez isso fosse uma promessa de um futuro bom,
Será mesmo? Deveria ele se prender a isso? Parecia tão
pouco...
Ele sorriu, apesar do pensamento soar tolo, produziu certo
alívio,
Vagou um pouco com o olhar no infinito,
Procurou por sua estrela, mas ela parecia ter se
desprendido,
Pode lembrar do momento em que levantou seu queixo,
Fitando-a dentro dos seus olhos e depois para o alto,
Disfarçou ter visto um brilho de lágrimas brilhar no canto
Dos seus olhos inebriados como se vagassem pela noite,
Um brilho sutil feito de pequenos diamantes,
Contudo, não deu tanta atenção se ali ela estava triste,
No céu ela não estaria, acreditou e deitou de costas,
Como se também estivesse a vagar pelas sombras,
Poderia ter dito que a amava, poderia ter falado muitas
coisas,
Mas se permitiu o silêncio, ela o abraçou e se despediu,
Ele continuou onde estava, no mesmo lugar de agora,
Não confidenciou que a amava, nem faria isso em qualquer
outro instante,
Ela nunca disse nada sobre o amar também,
Mas quando sentiu sua falta, quando procurou por ela,
Quando procurou nos céus por aquela estrela,
Uma lágrima se perdeu em sua face, ela não estava mais lá,
Havia partido para outro lugar, talvez nunca mais a poderia
avistar,
Nem adeus chegou a falar, simplesmente não disse nada,
Porém, não se deixaria abalar, falou o suficiente,
Nada além do que sua alma o permitiu dizer...
Cada qual é dono dos seus atos e escolhas, por que teria ele
que se revoltar?
Lembrava que ela o abraçou e ele a abraçou de volta,
Um abraço forte, amigo, cumplice, que ela retribuiu da mesma
forma,
Porque aquela estrela estaria sempre a testemunhar,
Estaria sempre a lembrar, a trazê-la de volta...
Mas, desta vez, não estava e acreditou: nunca mais estaria.
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