Ela sente-se triste, busca algo que a conforte,
Então senta-se na grama para ver o rio correr,
Se encanta ao ver como ele contorna seus obstáculos,
E segue seu ritmo a procura de perder-se
Nas águas salinas e profundas do mar,
Ela pergunta-se por que ele segue este ritmo,
Por que ele nunca desiste de traçar seu caminho,
E uma lágrima quente e salina percorre seu rosto,
Ela abaixa a cabeça, não quer que a vejam sofrer,
Seus lábios trêmulos denunciam seu sofrimento,
Um soluço cala a voz em sua garganta,
E uma borboleta vem pousar em seu dedo,
Com um olhar desconfiado, ela veste-se de uma força
Que sabe no fundo do seu íntimo, não a possui,
Pelo menos é o que imagina,
Sente-se fraca, insegura, com as pernas bambas,
Mas um sorriso secreto se esconde por trás
Dos olhos inchados e atordoados pela dor,
Ela lembra o quanto o ama,
Se apega a isso para mantê-lo perto,
Mas algo dentro dela lhe sussurra
Que, talvez, ele possa nunca voltar,
E que para o azar do destino,
Quem sabe ele nunca a tenha amado,
Deus sabe o quanto ela desejou esquecê-lo,
Ele sabe quantas preces foram feitas
Em busca de um vestígio de esperança,
Um presságio de que caminho pudesse traçar,
Ela anseia com todo o amor que possui
Que isso não seja verdade,
Que ele não tenha abandonado a insignificância
Todos os momentos bonitos que viveram,
Ela olha para o seu redor de um modo novo,
Como se nunca tivesse visto nada daquilo,
Abraça o próprio corpo e canta algo como abrigo,
Um sussurro inaudível confessado apenas a si mesma,
O ama, não há como esconder tal situação,
Vez que, sente isso a cada batida do seu coração,
Como se ele não pulsasse, apenas pusesse-se
A musicar o nome dele, repetindo-o, repetindo-o, repetindo-o,
Sem parar, até que ela o sentisse dentro de si própria,
Como se já não pertencesse a si mesma,
Nada do que encontrava bastava,
Desejava ele, como se disso dependesse sua vida,
Em seus ouvidos podia ouvir o eco da sua voz,
A fala que tanto amava, que tanto admirava,
Estava junto a ela de novo, e ela apenas desejou
Que nunca mais se afastasse, o amava muito
Precisava dele, será que ele não havia percebido?
O amava como nunca antes havia sentido,
Sentido, que sentido haveria em se apaixonar
Apenas para nunca mais tê-lo de novo?
Que sentido haveria em provar seus lábios,
E nunca mais poder ouvir sua voz,
Seu carinho passeando por seu corpo,
Seu abraço apertado, abrigo de todo o resto...
Ela pensa em como seria difícil viver sem ele,
Mas as batidas do próprio coração a confortam,
Afinal, ele está nela como o próprio sangue a correr,
É difícil esquecer um amor depois de tê-lo em seu abraço,
Desejou apenas cair no sono, saberia que lá poderia encontra-lo,
Mas até isso estava sendo difícil,
Ter que encarar cada amanhecer e saber que ele não estaria,
A feria de morte, morte lenta e pesarosa,
Era domingo, fez-se dezembro outra vez,
Ela sabe que neste momento ele está longe,
Mas sente-se grata ao menos o teve por um instante,
Um instante apenas, que guardaria consigo para todo o
sempre,
Sentiu seu rosto se aquecer de forma estranha,
Então o tocou, só assim, percebeu que chorava,
Desejou pedir ao sol que o recordasse do seu amor,
Mas quando foi sussurrar seu nome... qual era o seu nome
mesmo?
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