sábado, 5 de dezembro de 2020

Saudade

 

Ela sente-se triste, busca algo que a conforte,

Então senta-se na grama para ver o rio correr,

Se encanta ao ver como ele contorna seus obstáculos,

E segue seu ritmo a procura de perder-se

 

Nas águas salinas e profundas do mar,

Ela pergunta-se por que ele segue este ritmo,

Por que ele nunca desiste de traçar seu caminho,

E uma lágrima quente e salina percorre seu rosto,

 

Ela abaixa a cabeça, não quer que a vejam sofrer,

Seus lábios trêmulos denunciam seu sofrimento,

Um soluço cala a voz em sua garganta,

E uma borboleta vem pousar em seu dedo,

 

Com um olhar desconfiado, ela veste-se de uma força

Que sabe no fundo do seu íntimo, não a possui,

Pelo menos é o que imagina,

Sente-se fraca, insegura, com as pernas bambas,

 

Mas um sorriso secreto se esconde por trás

Dos olhos inchados e atordoados pela dor,

Ela lembra o quanto o ama,

Se apega a isso para mantê-lo perto,

 

Mas algo dentro dela lhe sussurra

Que, talvez, ele possa nunca voltar,

E que para o azar do destino,

Quem sabe ele nunca a tenha amado,

 

Deus sabe o quanto ela desejou esquecê-lo,

Ele sabe quantas preces foram feitas

Em busca de um vestígio de esperança,

Um presságio de que caminho pudesse traçar,

 

Ela anseia com todo o amor que possui

Que isso não seja verdade,

Que ele não tenha abandonado a insignificância

Todos os momentos bonitos que viveram,

 

Ela olha para o seu redor de um modo novo,

Como se nunca tivesse visto nada daquilo,

Abraça o próprio corpo e canta algo como abrigo,

Um sussurro inaudível confessado apenas a si mesma,

 

O ama, não há como esconder tal situação,

Vez que, sente isso a cada batida do seu coração,

Como se ele não pulsasse, apenas pusesse-se

A musicar o nome dele, repetindo-o, repetindo-o, repetindo-o,

 

Sem parar, até que ela o sentisse dentro de si própria,

Como se já não pertencesse a si mesma,

Nada do que encontrava bastava,

Desejava ele, como se disso dependesse sua vida,

 

Em seus ouvidos podia ouvir o eco da sua voz,

A fala que tanto amava, que tanto admirava,

Estava junto a ela de novo, e ela apenas desejou

Que nunca mais se afastasse, o amava muito

 

Precisava dele, será que ele não havia percebido?

O amava como nunca antes havia sentido,

Sentido, que sentido haveria em se apaixonar

Apenas para nunca mais tê-lo de novo?

 

Que sentido haveria em provar seus lábios,

E nunca mais poder ouvir sua voz,

Seu carinho passeando por seu corpo,

Seu abraço apertado, abrigo de todo o resto...

 

Ela pensa em como seria difícil viver sem ele,

Mas as batidas do próprio coração a confortam,

Afinal, ele está nela como o próprio sangue a correr,

É difícil esquecer um amor depois de tê-lo em seu abraço,

 

Desejou apenas cair no sono, saberia que lá poderia encontra-lo,

Mas até isso estava sendo difícil,

Ter que encarar cada amanhecer e saber que ele não estaria,

A feria de morte, morte lenta e pesarosa,

 

Era domingo, fez-se dezembro outra vez,

Ela sabe que neste momento ele está longe,

Mas sente-se grata ao menos o teve por um instante,

Um instante apenas, que guardaria consigo para todo o sempre,

 

Sentiu seu rosto se aquecer de forma estranha,

Então o tocou, só assim, percebeu que chorava,

Desejou pedir ao sol que o recordasse do seu amor,

Mas quando foi sussurrar seu nome... qual era o seu nome mesmo?

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