Entre o que se deseja e o que se faz,
Ele estava absorto em tudo que sentia em seu coração,
Ela seguia seus passos a acreditar que não haviam
coincidências,
Que para tudo que se colocava em seu destino havia uma
motivação,
Uma razão que a guiava a fazer tudo da forma como fazia,
Embora em seu caminho nem sempre houvesse alegria,
Ela sempre se recusou a viver uma vida de aparências,
Perambular pelas ruas a esmo sem medir as consequências,
Essa estranha força que forjava seus caminhos rua afora,
Um dia proporcionou um encontro entre os seus olhares,
Mesmo de longe daria para perceber que ele não era o tipo superável,
Aquele em que você cruza sem se deter, ao menos por um
instante,
Ocorre que este instante, negou-se ao esquecimento,
Colocando uma vírgula naquele caminho que agora via-se
incerto,
Colocou uma esquina ao final da rua, fazendo-se uma estrada
desconhecida,
Mas alguém teria que percorre-la, seria melhor que não fosse
sozinha,
Disse ela, assim que o viu, embora quisesse fingir
indiferença,
A poucos passos um do outro, seu coração os entregou,
Sem conter os suspiros de urgência, o amor brilhou em seus
rostos,
Era como se ela não fosse mais dona de si mesma, de si mera coadjuvante,
A incerteza tomou as rédeas das suas ideias, a fez parar por
um instante,
Colocando em dúvida tudo em que acreditava até aquela hora,
Fazendo com que ela olhasse para dentro de si mesma,
E sentisse um vazio crescente que implorava para ser ouvido,
Os braços dele a detiveram, ela parecia caber exata em seu
abraço,
Parecia que lá, ela estaria completa, como se fossem feitos
um para o outro,
Um segundo apenas em seu caminho, e tudo mudou por completo,
Houve um sequestro em seus sonhos antes mantidos em cárcere
privado,
Agora estavam refletidos nos olhos daquele rapaz e a pena
para isso?
Amor, com um toque de urgência no cumprimento da sentença,
A pena seria em regime fechado, abrigada em seu abraço
protetor,
O tempo da pena, nada menos que uma vida inteira,
Ela quis manter em segredo os seus desejos relacionados a
ele,
Mas seus pensamentos pareciam estar refletidos naqueles
olhos verdes,
Enquanto o destino parecia conduzi-los para longe,
Ambos pararam olhando-se frente a frente,
Seria assim tão fácil de se reconhecer o amor verdadeiro?
Neste sentido, haveria, talvez a possibilidade do amor
falso?
Se houvesse esta questão, ela não estaria abrigada nele, não
naqueles olhos,
Não naquele coração, não naquele homem, não naquele rosto
bonito,
Por simplesmente ter se colocado em seu caminho,
E a olhado daquela forma tão profunda e acolhedora,
Ele havia violado os termos de ser considerado mero transeunte,
Quanto a pena, ele parecia ter tomado conhecimento de
antemão,
Ela se esforçaria para que isso gerasse... condena?
Então, é assim que se chama amar por uma vida inteira?
Por mais que tivesse pouco conhecimento quanto a ideia,
Não pareceu ser isso o que viu no fundo do seu olhar,
Embora ela fosse ingênua quanto aos caminhos do amor,
Ela se arriscaria a percorre-lo, tendo ele por destino
certo,
Queria encontrar uma maneira de conhece-lo sem se expor,
De repente, sentiu medo pelo sentimento que a tomava pela
mão,
E a conduzia para ele como se estivesse cego o seu coração,
Não que estivesse carente de razão, apenas sentia uma urgência
desconhecida,
Sem possibilidade de fiança, uma espécie de sentença
antecipada,
Seu olhar fazia com que se sentisse segura, amada de uma
forma desconhecida,
Parecia abandonar tudo o mais que tinha vivido ao vazio,
Como se suas mãos fossem capazes de apagar seus erros com
carinhos,
Como se o abraço dele fosse uma cela sem regalia,
Ela desejava-o com toda a sua alma, por toda a sua vida,
Naquele instante ela quis olhar para trás e apagar tudo o
que viveu,
Mas percebeu que o seu caminho era igual ao que ele
percorreu,
E isso era bom, agora, estariam perfeitos um para o outro,
Pois, viver em amor nunca poderia ser considerado uma
sentença e ele parecia entender isso.
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