Talvez, eu não precisasse ficar perto, mas eu queria isso,
Talvez, não me bastasse ouvir sua voz, mas a desejava,
Talvez, ao menos por um instante eu me permitisse apaga-lo,
Mas, embora eu deseje isso de todo o coração não consigo,
A cada parêntese nas frases em que tento dizer algo,
Você surge, de repente, como se nunca tivesse saído de
perto,
As lembranças de tudo que vivemos ainda residem em mim,
Talvez, você ainda recorde como eu, de tudo que fomos um
para o outro,
Mas consiga resistir as memórias, me dê a formula de como agir
assim,
O vejo em cada detalhe, até mesmo no brilho do olhar
apagado,
No instante em que tento passar meu rímel e o vejo molhado,
No momento em que tento traceja-lo com o lápis e não
consigo,
Nem ao menos consigo disfarçar tudo que sinto, tudo que
lembro,
Você consegue e nem parece fazer esforço, eu o procuro: não
o encontro,
Quando me deparo com minha imagem no espelho, o vejo,
Você nunca saiu de mim, embora em você eu nem tenha entrado,
Olhei para o meu reflexo intrigada, eu ainda revivia cada
segundo,
O que você acharia quando me visse realizar todos os nossos
sonhos?
Você uma vez me disse, em voz suave e familiar, como se
fosse durar para sempre,
Eu a amo, nunca esqueça o quanto! – então saiu, partiu para
longe de nós,
Eu não encontro amor em seus atos, me desculpa amor, aquilo
me soou em nulidade,
Mas eu me apeguei a frase bem-feita, acreditei em nós e
ainda o amo em cada segundo,
Tenho medido o tempo com base em nossos beijos, sobrara pouco, logo o sol irá se pôr,
A noite à espera do sono, eu penso em nossos carinhos isso
me manterá até o amanhecer,
Mesmo existindo uma boa distância entre nós, eu me recuso a
esquecer,
Não sei quanto a você, mais eu ainda o recordo em cada
segundo, da mesma forma que antes,
Sei que é insuficiente dizer que nunca o esqueci, mas ainda
respiro você,
Sinto o seu cheiro por entre os percalços do meu caminho, o
vejo em minha face,
Não sei se o tempo cruza pelas pessoas da mesma forma, mas eu
mudei um pouco,
A boca que o beijava sôfrega, hoje tremula insegurança, mas isso se deve a idade,
As vezes, parece que o vejo por entre as pessoas quando
passo pela rua,
Aquela rua, em que nos encontramos, a mesma do primeiro
encontro,
Deve ser por isso, que gosto tanto de perambular por aí
sozinha,
Todavia, antes eu também agia da mesma maneira, foi assim
que o conheci,
Outro dia, roubaram minha bolsa, eu me ajoelhei em plena
calçada,
Ela não tinha tanto valor, mas guardava nossa primeira foto,
Não aquela que tiramos juntos, a outra, a que você me presenteara,
Lembra daquele dia, quando mexi em sua carteira e a
encontrei?
Me recordo que você não gostava dela, mas eu sim, então você
me dera ela,
Eu só tinha aquela, não havia tirado cópia nenhuma, mas
nunca mais tive notícias dela,
Talvez, a partir de agora eu passe com menos regularidade
por aquela rua,
Espero que não se importe, eu nunca mais o vi por lá, mas
nos recordava...
E como você sabe, isso sempre fora o bastante para mantê-lo
comigo,
É certo que essa atitude de desviar o caminho não ocorrera
de forma brusca,
Mas, não se assuste tanto, se as notícias que chegarem a
você,
Contenham teor diferente do anterior, não pense que o
esqueci nunca,
Você sabe, eu não seria capaz disso, nenhum pouco, o amo
como antes,
As vezes, eu cumprimento algumas pessoas que estão ali
naquele lugar,
Não, não se preocupe, nunca indaguei diretamente sobre você,
Eu não seria invasiva com relação a sua privacidade, mas
tenho curiosidade:
Você está bem? Recordo que um dia esquecera sua jaqueta lá
em casa,
Eu a guardei, ela possui seu cheiro ainda, não entendo como
pode isso,
Seria ofensivo se eu perguntasse a alguém se a reconhecem? O
que acha?
Bem, deve fazer algum tempo que nós perdemos o contato um
com o outro,
Mas, eu possuo os seus beijos, os carinhos, a jaqueta,
desculpa é que é tanta coisa,
Sinto como se você nunca tivesse se distanciado das nossas
promessas,
A cada instante, como eu disse, eu recordo de um momento
nosso,
O mantenho comigo, não cheguei ainda a sentir sua ausência,
Apenas as vezes, uma lágrima escorre por meu rosto inseguro,
Parece que ele teme algo, mas o tempo não entende dessa
forma,
Sempre tem algo a lembrar sobre nós dois, ali onde aquela
flor desabrocha,
Eu nos imaginei beijando de novo, apenas mais uma vez, não
se importe,
Não significa que as lembranças sejam insuficientes, mas ela
lembrava sua boca,
Talvez fosse a cor, o cheiro, ou a possibilidade de emergir
de algum lugar,
Com relação as outras que vieram depois, eu não imaginei
nada, mas aquela...
Me chamara a atenção, desejei colhe-la, a quis junto a mim
sem saber porque,
Foi a primeira vez que inventei algo relacionado a nós, será
a última,
Se este fato chegar ao seu conhecimento, não coloque em
dúvida o que vivemos,
O amo, a cada segundo, com a mesma intensidade de outrora,
De uma forma profunda e única como nenhuma outra pessoa o
fará,
Foi assim que me senti em seu abraço como iria tentar apagar
o que houve?
Como rejeitar as memorias, coloca-las em tempo passado,
Acreditando que assim o deixaria distante, você permanece
comigo em cada instante,
Não se sinta mal se ao passar por aqui, talvez chegue a
lembrar de mim,
Como eu disse, não reviverei este caminho por todos os dias
da minha vida,
Algum dia, terei que me direcionar para algum outro lugar,
logo, logo farei isso,
Parece que ainda vejo o seu sorriso, tenho treinado mudar o
caminho,
Não se preocupe, não serão permanentes em mim - os efeitos disso
tudo,
Às vezes, quando cruzo por aqui sinto que sou invisível, ninguém
me nota,
Pareço uma pedra que faz parte dessa calçada quente a
tardinha,
Suave em noite fria, eu sei que você não tem conhecimento
sobre o fato,
Ah, mas aquela foto sua, me faz falta, não a encontro em
nenhum lugar,
Eu me recordo que você não gostava tanto dela, você recorda
aquele dia?
Poxa, eu poderia esquecer o dia, não a foto, a foto nunca, talvez você a vira?
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