quarta-feira, 17 de março de 2021

Fecharam os Olhos

Ele estava deitado de bruços na cama, absorto nela,

Ela colocou-se sobre ele e beijou-o por inteiro,

Com estalinhos e mordidinhas percorreu sua pele negra,

Ele estava de olhos fechados, os dela estavam abertos,

Se aproximou do seu ouvido e com sussurros tocou sua alma,

Tracejou com a língua cada parte das suas costas, absorvendo-o,

 

Colocar-se sobre ele lhe dava uma grande vantagem,

Poderia beijá-lo à vontade sem que perdesse as forças,

Em nada adiantaria tentar negar o fato de que a cada toque dele,

Ela fraquejava, pertencia a ele de corpo e alma,

Cada parte sua guardava dentro dela tudo sobre esse dia,

Em sua alma desenhava cada beijo, cada carícia, sem perder nada,

 

Ele deveria saber o quanto ela o amava, percebia-se em cada beijo

A intensão de que cada momento durasse uma vida inteira,

Embora nunca tivessem tentado negar-se ao fato, era feito exato,

A boca dela continuava movendo-se sobre a pele quente dele,

Ele permitia-se suspirar sem dizer nada, leva-se algum tempo

Para cair em si sobre o quanto se é capaz de amar, Deus sabe o quanto,

 

Naquele instante ela não queria parar de massagear e beijá-lo,

Usava todas as suas forças para manter-se neutra em cuida-lo,

Cada afago em que se entregava era como se deixasse de ser sua,

Sentia os olhos dele abrirem-se, era como se pudesse vê-la,

Ela não conseguia parar de olhá-lo e lhe percorrer em cada centímetro,

Sabe aquele instante em que se deseja guardar alguém para sempre?

 

Embora tivessem se entregado com urgência, agora a calma os regia,

Não desejavam fugir um do outro, mas logo o sol acordaria a manhã,

Ela deitou-se sobre ele e sussurrou mais uma vez ao pé do ouvido,

Então, amar é isso tudo? É sempre com o gosto da primeira vez?

Antes parecia que eu não me preocupava em amar, mas agora,

As coisas se juntam e parecem se completar, você é sempre tão perfeito?

 

Não confia em nós dois?! Ele respondeu, com um forçoso levantar de cabeça,

Sim, ela respondeu com um mover de lábios sobre o seu pescoço,

Ambos relaxados, mas a necessidade de estar próximo não passava,

Abraçaram-se, foi como se prometessem um ao outro amor eterno,

Pensaram em dormir abraçados, para que o sol pudesse acordá-los,

Em uma espécie de ritual em que os amantes se veem realizados,

 

Não foi dessa forma, por muito pouco, beijaram-se e mudaram de ideia,

O que eles estariam vendo quando olhavam um nos olhos do outro,

É questão que ninguém poderia definir, amor eterno ou alguma coisa assim?

O que se sabe precisar é que uma noite acordados foi pouco para o que sentiam,

Eles estariam contemplando um a alma do outro? Então, isso era o amor?

A urgência em suas carícias parecia estabelecer um prazo entre os dois,

 

Eles acreditavam nisso, e agiam ao rigor da necessidade em cada carinho,

- Vamos lá, o sol acordou, agora, estou saindo – ela parecia ouvir em seu rosto

Assim que o tocou e viu seu semblante olhar tristonho para a janela,

Se semblantes falam e o que dizem, eles saberiam evidenciar em suas caras,

Talvez fosse por isso que se completassem de forma tão perfeita,

A luz invadiu o quarto assim que suas bocas se encontraram sedentas,

 

No mesmo instante em que a carícia se intensificava e pedia mais um pouco,

Na mesma hora em que uma lágrima caiu do olhar dele no peito dela,

No mesmo segundo em que ele caiu submerso sobre ela, sôfrego e apegado,

Era como se ele aceitasse ficar em sua vida, mesmo que fosse com hora certa,

Intensificada como só ela sabia e fazia apenas com ele, beijou seus lábios,

Abraçou seu corpo, até senti-lo colado ao seu, fecharam os olhos...

 

O efeito do amor é algo duradouro e irresistível, via-se isso em seus carinhos,

Seus reflexos dançavam na parede, seus corpos absorviam-se um ao outro,

Se alguém pudesse vê-los, juraria que não daria para distinguir um do outro,

Encaixe perfeito, entrega exata, sussurros sibilavam juras no silêncio do afago,

Ela o buscava e ele retribuía, em movimentos lentos e sincronizados,

Ela o amava no fundo de sua alma e ele tocava-a em cada carícia de seus dedos,

 

O fato de alcançar a alma de alguém com um afago é caso para outra história,

Se eles compreendiam o que acontecia entre eles, nem eles sabiam,

Mas amavam-se e isso era o suficiente para manterem-se ali, colados,

Ele unia-se a ela, como uma só alma, ela agora abria os olhos castanhos,

Olhando para a luz que invadia o quarto e queimava em seus corpos,

Já não havia calor o bastante? Por que o sol ousava tentar acordá-los?

 

O suor dele respingava em sua boca, seu cheiro a percorria por inteira,

Desatento, o sol insensato, desejava despertá-los do seu sonho de amor,

As horas vinham, ela acenou discretamente pedindo ao relógio trégua,

Ele a olhou e estranhou a sua calma, era hora de acordar ele sabia disso,

Depois, devagar, apoiou os braços sobre a cama com esforço quis levantar,

Parou na distância dos seus olhos, ela sorriu tentando desencorajá-lo,

 

Tenho uma boa ideia pela qual valeria a pena perder a ideia sobre as horas,

Mas, agora me sinto desperto estou prestes a vestir as roupas,

Ela buscou seu rosto, aproximou-se e envolveu seus lábios em sua boca,

Agarrando-se a ele com força, puxou-o para si, com o ânimo de dona,

Fraquejaram suas forças, derreteu-se sobre ela, beijaram-se de novo,

Abraçaram-se um ao outro, colados feito um só, fecharam os olhos...

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