segunda-feira, 15 de março de 2021

O Amor Em Seu Caminho

 

É possível atribuir importância a momentos insignificantes,

Mas é impossível esquecer um amor destinado ao para sempre,

Embora estivesse com a testa franzida em expressão pensativa,

Ela estendeu a mão como se o sentisse seguro entre seus dedos,

Então, apesar de reconhecer que pudesse ter errado com ele,

Se permitiu admitir que o amaria em cada pulsar do seu peito,

 

É certo que esquecera sua altura, até mesmo a data do seu aniversário,

Mas, quanto ao sabor do beijo, nunca fora capaz de deixar para trás,

Ao contrário, era devido a ele que sentia forças para seguir seu caminho,

Mesmo que, por vezes, acreditasse que nunca mais ficariam juntos,

Mesmo que, chegasse a cogitar a possibilidade de ele tê-la trocado por outra,

Mesmo quando ela tentara suprir sua ausência em outras ideias errôneas,

 

Inconcretas com relação a tudo que sentia, mas plausível para o momento,

Em que, realmente, não se sabe qual a decisão mais correta a se tomar,

Mesmo que, sempre que tocasse outra boca ela fechasse os olhos,

Tentando enganar o que sentia, em seu íntimo ele vinha e tocava-a,

Ela sabia, dentro dela, que não sentia nada por nenhuma outra pessoa,

Mas, mesmo assim, se permitia seguir adiante, a espera de encontra-lo,

 

Movida por uma dor excruciante na garganta, que mesmo chamando por ele,

Se via sempre enganada por outro sabor, ácido descia dentro dela e feria-a, por dentro,

Admitia o quanto seria fabuloso tê-lo presente em sua vida, poder sentir sua pele,

Mas fingia não sofrer por ele, não naquele momento, e algo dentro dela cria nisso,

Tentava imaginar quanto tempo demoraria até que ele voltasse para a sua vida,

Mas deixava este pensamento para outra hora, tentava a todo custo ignorá-lo,

 

Quando se ama alguém, muito mais que a si mesma, é difícil precisar os próprios passos,

Acredita-se não estar errando, sabendo que cada passo andado está em falso,

Como poderia estar correto quando se anda a contramão do que se sente na alma?

Fosse como fosse, talvez, ele algum dia admitisse, também, sentir sua falta,

Quando dera por conta, soubera por outras fontes que seu aniversário havia passado,

Com três dias de atraso, ela cruzara seu caminho, lhe dissera olá, e seguira,

Não soubera, ao certo, o que ele absorvia de tudo aquilo, mas ela havia ficado com seu aroma,

 

Isso bastava, normalmente, depois de cruzar por ele, sentia-se reanimada,

Mas, aquele dia, ela desejara toca-lo, por um minuto ao menos, abraça-lo,

Mas ela não cedera – nem ele, e a dor dentro dela só piorava até que um dia,

Bem, chegaria o dia em que não aguentaria mais a distância entre os dois,

E algo bom se desenrolaria, era impossível ignorá-lo pelo segundo que fosse,

Mesmo a distância o sentia perto, era como se nunca se desvencilhassem,

 

O cheiro que absorvera dele, acalmaria seu pulsar acelerado e carente de sentido?

Logo ela saberia, não queria admitir amar tanto e de forma tão intensa,

Mas depois de se provar o beijo do amor da sua vida, há como resisti-lo?

Ela, com certeza nunca teria essa resposta, pois nunca tentaria evitar ama-lo,

Voltara o olhar para ele, tentando ignorar a vontade de abraça-lo,

Tentando manter-se distante do seu calor, tentando evitar as lembranças,

 

Parara a poucos metros de distância, embora não estivesse segura quanto ao que sentia,

Estava segura quanto aos seus atos, não se jogaria aos seus pés, implorando um beijo,

Não o olharia com os olhos lagrimejantes e o peito pulsante em amor incontrolável,

A distância em que se encontravam, mesmo se tudo isso acontecesse, ele não veria,

Havia um sol ofuscante àquela hora, isso dificultava a visão exata, ela, então o olhara,

Da forma mais significativa que podia, consciente de não ser percebida por ele,

 

Se os demais percebiam a química que pairava no ar ao redor deles,

Ninguém havia comentado nada, na próxima vez em que se cruzassem,

Ele comentaria qualquer atitude suspeita, agora o instante era empenhado a outra coisa,

Rememorar cada segundo, imaginando-se em seus braços, como em outrora,

Suspiros de apreciação, suspiros inquisitivos, suspiros competitivos,

Eram trocados entre eles sem que chegassem perto um do outro,

 

A distância segura, tudo lhes era permitido, inclusive jurar amor em silêncio,

Era tudo simples demais, mas... insuficiente, ela o desejava com sofreguidão,

A intensão nunca fora se distanciar da pessoa que mais havia amado,

Então, por que tudo aquilo havia se desenvolvido em suas emoções?

O foco deveria ser estarem juntos, estarem felizes como nos primórdios,

Mas, estavam separados e tristes, então por que motivo isso acontecia?

 

Com que base davam força a esta distância que feria a cada um deles?

Se olhavam com um furor que queimava as barreiras da distância,

Mas era insuficiente para vencer o orgulho e uni-los um ao outro?

Bem, talvez, ele não a amasse tanto quanto ela, embora ela se recusasse a crer nisso,

A testa dele estava franzida, ele esforçava-se para vê-la e parecia admira-la,

Mesmo ante o sol ofuscante, eles buscavam-se no silêncio de seus olhares,

 

A última coisa que queria, era dar mais um único passo adiante,

Não enquanto estivesse distante de tudo que mais se empenhava em esquecer,

E muito mais se convencesse do quanto o amaria por todo o sempre,

Podia ouvi-lo falar, não havia relutância alguma na fala dele,

Não naquela que ela imaginava, não naquela que a fazia se agarrar a sua mão,

E percorrer por ruas cheias de pessoas e vazias de tudo que mais queria...

 

O único motivo que fazia seu coração bater mais forte,

Seus pensamentos latejarem incoerentes, suas certezas se bambearem,

Ele, seu abraço, seus gestos, o amor é mesmo um indiferente?

Lhe toca a pele e faz com que se ame para sempre só para te obrigar a esquecer?

Lembre-se disso, parecia lhe ouvir dizer: a amarei por cada instante,

A beijarei em cada vez que eu a ver, com aquele sentimento da primeira vez,

 

Embora seus lábios estremecessem, pairando entreabertos para ela,

Sua voz não saia, mas seus olhos falavam ela os ouvira dizer: não ouvira?

Ela refletira por um segundo, baixara a cabeça para os pés, insegura,

Alguns poucos dias por ano o sol brilhava naquele ângulo direto,

E ele escolhera justo o dia em que cruzariam um pelo outro,

Naquele instante magico poderiam falar tudo que sentiam, sem serem... ouvidos?

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