Querido, meu coração que se
apaixonara a primeira vista,
Agora pulsa sôfrego, por força
dessa lei em que você se apega,
Tão normativo, pretende vagar por
aí de arma em punho?
Como se você não fosse nada além
de um garantidor normativo,
Amor, sente-se um pouco ao meu
lado, dê-me sua mão, sinta meu peito,
É aqui onde você está e sempre
estará, é seguro para você este direito?
Este direito que ante a toda a
espécie de situação em que se coloca,
Você reprisa em sua cabeça, cada
artigo, cada pormenor descrito,
Querido, soube que seu veículo de
trabalho fora alvejado outro dia,
Vi uma rasura em sua farda, você
fora machucado e não mencionara o fato?
Querido, estes becos onde você
transita em nome do dever e da responsabilidade,
Já te ocasionara diversos passos
em falsos, o que a normatividade vigente dissera?
Os ditames superiores lhe pedem
colaboração e lhe mandam que se integre,
Este inserir é um contexto amplo,
minha visão não se dissocia do perigo que você corre,
Esta lei a qual você segue a
olhos cegos lhe fala o que sobre as disparidades?
O que sua razão traduz quando é o
seu coração quem se aperta forte?
O meu sente-se pequeno, a cada
minuto da sua ausência, você me entende?
A ordem que chega através da sua
postura, se desenvolve em caos sem você,
A sua forma ostensiva de agir eu
reconheço de longe,
Faço o possível para preservar
cada minuto nosso quando esta distante,
Mas, vejo o noticiário definir
cada ocorrência de forma tênue,
Olho sua farda, estremeço, sinto
medo de que parta e não volte,
Acompanho seus planejamentos diuturnos,
acredito em você e seu potencial,
Não é por menos que o escolhi
para conviver comigo para sempre,
Mas, acha que a lei abriga a
todas as situações enfrentadas na rua?
Estas leis que foram feitas por
engravatados sentados atrás de uma mesa,
Realmente, logram êxito com
relação a cada acontecimento?
Sempre que eu precisara, você se
fez presente, não lhe cobro que haja diferente,
Mas, havia um rasgo na farda e
uma sujeira, com um cheiro estranho,
Ouso apenas agora te indagar,
fora efetuado por uma bala?
Não consigo suportar a ideia
sabendo o quanto o amo e o conhecendo tanto,
Sei cada passo seu, sei o quanto
se dedica por amor a sua profissão,
Pelo desejo de fazer o seu
melhor, por seguir as diretrizes dispostas,
Você ficara exposto por estranhos
e estes estranhos não o perdoaram,
Data de 1776 o direito a proteção
e segurança do povo, acredito nisso,
Da mesma forma que você, mas você
se arrisca e eu me firo aqui sozinha,
De data tão retrógada, eles ainda
não interpretaram e intenderam seus direitos,
Querido, sei o quanto distorcem
tudo o que você faz, o quanto jogam em falso,
Eles conhecem este código que
você possui em mãos, e sabem suas lacunas,
Enquanto você é obrigado a seguir
um rito, eles reagem sem a menor precaução,
Ignoram a palavra dever, a
palavra que te da força para empreender em missão,
É ignorada pela mesma mão que
tentara lhe tirar a vida por entre essas ruas?
Querido, eles possuem na cabeça
cada uma dessas palavras elencadas neste caderno,
Seu superior continua conectado
em interesse privado, como noutrora?
Eu leio os jornais, acompanho o
que posso através dos meios dispostos,
O tempo se dilata em seus turnos,
enquanto você recorre o norte definido,
As disposições são tão esparsas,
elas conseguem satisfazê-lo?
A partir daquela farda rasgada eu
não ando, eu perambulo pelos cômodos,
Meu objetivo não é menor que o
seu, desejo o melhor para nós dois, eu o amo,
Você se coloca feito um
cavalheiro solitário a serviço de um bem maior,
Não discordo disso, mas
cavalheirismo não condiz com os seus riscos,
Você busca a colaboração por onde
passa e confia nessas pessoas,
Mas, elas confiam em você, são reais
quando te olham nos olhos?
Agora sou eu que estou vedada a
qualquer coisa que o reduza,
Conheço bem o seu valor, para
aceitar calada lhe tentarem furtar a vida,
Veja que este direito transporta
muitas questões a serem revistas,
Sendo um direito coletivo, por que
eles pagam calados, inertes a cada crime?
Você percebe o teor de
preocupação que tenho com relação a nós?
Gostaria que tomasse medidas para
buscar providencias em curto espaço de tempo,
Eu mesma posso fazer isso por
nós, será que contaria com outros adeptos?
A segurança pública em minha
visão decai e fica estagnada em piso frio,
Jamais aceitaria o mesmo fato com
relação a você, não duvide disso,
Importante frisar que entro em
vigor como sua esposa e defensora,
Me destino a servir de
instrumento pela melhora em seu tratamento,
Considerando cada repercussão ou
desdobramento, você não é uma máquina,
O número pelo qual você é
identificado não é um código de acesso,
Seu nome não é uma posição em que
te colocaram no trabalho,
Minha ideia é consolidar os
mesmos princípios, valores e eixos que você acredita,
Meu objetivo está focado em você
como primazia,
Contudo a sociedade integra
núcleo basilar, se você acredita nisso,
Então, acreditaremos juntos, não
estou desatualizada como você imaginara,
Seu bem-estar é minha meta, nossa
cumplicidade possui direção de preferência,
O que eu desejo com este meu
objetivo? Proteger a todos em igualdade,
Cada qual reage de acordo com o que
acredita,
Então, por que eu não poderia
investir para te proteger?
Não sou de meias palavras, não
esperarei até que não retorne para mim,
Me direciono com a melhor
intenção, vislumbro melhoramentos,
Enquanto você cumpre com seus
objetivos, protegendo-se e protegendo-os,
Eu reajo em busca por seu
reconhecimento e dos demais,
A legitimidade dos seus atos,
encontra amparo por onde for,
Mas querido, tente não se
arriscar tanto, eu temo por nós,
Li por alto, algo sobre
instituição efetiva e comprometida com a satisfação,
Não me senti dessa forma ao me
deparar com seu cansaço,
Seu receio em andar em público,
seu apego a corporação,
Querido, eu vejo as pessoas lhe
olharem e apontarem para nós,
Eu percebo suas reações de
repúdio a tudo que você é e acredita,
Não consigo discordar disso e permanecer
estagnada e arredia,
Se você se coloca em linha de
frente, por que é que eu fugiria?
Enquanto eles veem apenas um
salário, você vê valores, desejo de mudança,
Gostaria apenas do seu apoio para
envolver os demais na edificação de resultados,
Quero mudar este prisma, onde o
agente é estigmatizado por outros fatores,
Se existem os desvios entre os
demais, você nunca cooperara com isso,
Não aceitarei comparações desvirtuadas
que desonrem ao que você se dispõe,
Seus chefes os definem como
capital-humano, não consigo acreditar nisso,
Lá dentro, você fora resumido a
um número? E lá fora, um alvo cobiçado?
Urge um alinhamento de objetivos,
pretendo brigar por isso,
É certo que a proximidade através
da segurança gera qualidade de vida,
Mas, e com relação a sua
qualidade, as suas necessidades ficam em que lugar?
É preciso que a lei saia do
caderno para ganhar vida por entre as ruas,
Mas, para que isso ocorra é
necessário que sua vida seja posto à prova?
Eles apregoam o combate ao crime,
e quanto a opor-se contra o seu desrespeito?
Os moldes previstos que sangram em
seu colete, não o atingem em cheio?
As ações empreendidas, contribuem
com suas previsões em abstrato,
Tudo bem, é você quem faz o
resto, o grosso do trabalho fica em seus dedos,
Não o ferem quando você seca o
suor do próprio rosto?
Respeitado, preservado e
garantido, os direitos dos outros e os seus, os nossos?
Sendo inerentes aos seres
humanos,
Você perdera o direito a eles ao
se engajar em seu trabalho?
Ganhara resguardo quanto a isso
ao vestir seu traje, e ao tirá-lo?
Estou a postos para lutar por nós,
o amo, não o deixarei sozinho,
Entrarei nessa empreitada e não
sairei sem encontrar uma resposta:
O número pelo qual você é
reconhecido em seu labor diário,
Também, esconde seu rosto por
entre os criminosos que você condiciona?
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