quinta-feira, 8 de abril de 2021

Um Momento



Por um momento, tudo desapareceu do meu redor,

Exceto seu rosto, que eu via mesmo de olhos fechados,

No teor dos seus carinhos conforme me percorriam,

No frescor dos seus dedos que sentiam minha alma,

De repente, sem razão alguma, me sentia feliz por nada,

O fato de estar em seus braços me bastava como nunca,

 

Talvez tenha sido a saudade ou poderia ter outra causa,

A forma como me beijava parecia ser diferente agora,

Quanto a ser intensa, é certo que recordava do fato,

Mas parecia mais profunda, exigente quase como uma jura,

Ou algo que sem palavra alguma remete ao infinito,

Sentindo seus lábios me veio em mente nossas vídeo-chamadas,

 

A forma como nossa conversa desenvolvia e me envolvia,

O jeito como ele sabia dominar a situação, me amordaçar,

Via as minhas palavras fugirem da boca, sedenta por seus beijos,

Sentia as minhas mãos vazias, ambas desejosas por suas carícias,

Inquieta me via desviar o olhar, incapaz de conter o desejo,

Era como se eu pudesse absorvê-lo de lá, trazendo-o para perto,

 

Recordei os seus lábios beijando a tela do celular, molhados,

Um arrepio percorreu minha espinha, me agarrei nele com força,

Apertei-o de encontro ao meu peito, com um único pedido,

De que nunca saísse de perto de mim, ficasse para sempre ali,

O calor que emanava de nós, era algo maravilhoso,

Eu recordava isso, sempre que rememorava o nosso beijo,

 

Porém, senti-lo em mim, era intenso demais para explicar,

Um afago dos seus lábios soprou um eu te amo em minha boca,

Absorvi o beijo e com ele cada palavra, sabendo que nunca esqueceria,

Estremeci com medo que a saudade o levasse embora,

Lágrimas molharam meus olhos fechados, com um soluço,


Busquei seu cheiro, e repousei minha cabeça em seu pescoço,

Abri os olhos tristonhos na direção oposta por onde ele veio,

Pude avistar um rastro de dor, que evidenciava as lembranças,

E com elas, o quanto ele sentira por causa da distância entre nós,

 

Não saberia dizer se foi com um soluço, um suspiro, ou murmúrio:

Eu te amo, repousei com um beijo em seu ouvido, com voz entrecortada,

Ele sibilou algo que não entendi, me fazendo voltar para trás

Com um movimento seguro em afago, - não desista de mim -,

Não acreditei no que ouvi da sua boca, - jamais desistiria de nós dois,

Seria o mesmo que me condenar a uma vida de saudade e sentir,

 

Por quê, mesmo distante, nunca pude esquecer ou apagar você em mim,

Eu respondi com lábios trêmulos e certos sobre o quanto o amo,

Com um beijo, um afago, um vestígio do passado e um movimento,

Ele me fizera abandonar a posição esquiva em que estava refugiada,

Para me assegurar na emoção de sentir-me única por ser sua,

E retomar aquela mulher que um dia parecera ter ficado para trás,

 

Mas que, por nenhum segundo fora esquecida ou esquecera,

Eu era aquela mulher que buscara se afastar para se aproximar,

Aquela que dissera eu te amo em cada instante de sua vida,

Que acreditara ser amada e lutara por este amor com as armas que tinha,

Não imaginara que em seus braços me viria desarmada e humana,

Humana demais para negar o quanto sentia e sentiria por toda a vida,

 

Longe do seu abraço, não me sentia completa, faltava algo,

Com ele em mim, me via busca-lo de todas as formas que podia,

Como se houvesse uma medida em que apenas ele cabia,

Uma peça chave para desanuviar meus medos, romper segredos,

Como se o amor derramasse entre os afagos, e me conduzisse a ele,

O cheiro do sentimento no qual todo o meu corpo estava concentrado,

 

O aroma doce e úmido do sangue mais delicioso que havia rastreado,

Saia das nossas almas para repousar em meus lábios encharcados,

Deliciada, nem mesmo podia acreditar que o amor escorria de nós,

Minha procura havia chegado ao fim, o amor estava consumado,

Eu percebia isso em cada carinho, em cada sonho que trocávamos,

Eu sentia a boca e a garganta calorosas por muitos beijos,

 

Seu gosto me percorria e inundava a minha alma por algo desconhecido,

Era amor, com certeza, pois não havia nada maior,

Nos relatos que ouvira de outras pessoas e nas experiências de outrora,

Nunca havia tido conhecimento sobre algo tão intenso,

Tentei, de olhos fechados em busca de menosprezo, fugir daquilo,

Não sabia reconhecer, não confiava no que sentia,

 

Perder o controle diante de alguém nem sempre é tolerado,

Eu gostava de ser dona de mim mesma, de controlar cada passo,

Agora, não conhecia nem mesmo minhas buscas ou respostas,

Pensar que para ele, talvez não houvesse um próximo encontro,

Eu tinha conhecimento do fato de ele ter outra melhor que eu,

Mas, naquele momento isso perdia a importância, sem domínio de mim,

 

Me perdi por inteira em seu corpo, isso era arriscado e estranho,

A sensação era de que eu me via rasgar ao meio sem sentir dor,

Na busca por continuar onde estava me sentia uma desconhecida,

A humana – que usava o meu nome – se via no espelho, não se reconhecia,

Enxergava o próprio corpo, não se concordava, amava como nunca,

De uma forma que não achara ser capaz, não distinguia o próprio olhar,

 

Abri-lo e encará-lo enquanto afagava a sua nuca, tornava tudo pior,

Eu conseguia ver o sangue correndo sob sua pele fina,

Tentei me projetar em outro aspecto, buscar o controle perdido,

Mas meus olhos eram atraídos para ele, sem que pudesse me conter,

Meus cabelos caiam na face, falei com ele em voz baixa e feminina,

Minha garganta estava a poucos centímetros, eu tinha necessidade,


Não era qualquer uma, era de pertencer-lhe, por sorte ele sabia se conter,

Por mais estranho que fosse, desejei não tê-lo encontrado,

Rejeitei o que vivi, fora rejeição o que sofri?

Aquele aspecto de mim eu não reconheci, quanto ao que se desenvolveria,

Seria fácil precisar o fim, o mesmo do beijo anterior,

Meses de ausência, distância precisa para me colocar em meu lugar.

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