Ela pegou a rosa vermelha e repousou nos lábios,
Sorveu o cheiro como se sentisse invadir seu peito,
Ali onde tantas vezes o amor repousou,
Hoje não havia nada além de lembranças e quem sabe,
Não fosse exagero definir lamento,
Sem saber precisar quais eram as consequências disso,
Ela permitiu-se chorar tudo o que um dia foi felicidade,
Hoje teria outro nome, distância, ou outra coisa parecida,
"Mas há entre eles, aqueles que escondem a verdade,"
Ela o ouvira dizer assim que lhe disse: "querido, jurar amor,
Todos juram..." não conseguia esquivar-se da frase,
E sem saber porque motivo decidira acreditar no que ouvia,
Deitada em sua cama, deprimida, se julgava arrependida,
Lágrimas de tristeza fugiam do seu olhar, sentiam medo,
Acreditavam que ao permanecerem dentro dela, morreriam,
De dor, tédio e mais alguma coisa triste que não sabia
definir,
Fora dela, poderiam perceber que também não teriam vida,
Triste destino de quem muito amou apenas para ser esquecida,
Saudade era o preço por amar a quem não merecia,
Fim prematuro para a desventura de nunca ter amado,
Entre o texto e o contexto, a dor era quase desejada,
Antes quedar por um sonho que nunca ter acreditado,
Todavia a dor feria, palpável feito a carícia que tardava,
E quando vinha através de lembranças feria de novo,
De outra forma, poderia vir, mas quem a desejaria?
O amor vem de quem merece recebe-lo de volta,
Não adianta estar entre aqueles que duvidam
E chamar por aquele que só vem para momentos,
Embora sonhos possam ser construídos a partir de pedaços,
Um amor não sobrevive quando parte de apenas um lado,
Ela tentou imitar um dos seus gestos, queria apaga-lo,
A esperança que iniciara a tentativa terminara em piada,
Porém, vinha embebida em lágrimas - o abandono -,
Quem iria pensar nele antes de embarcar na estação amor?
Quando até suas palavras balbuciavam um até logo,
A frieza do adeus era quase insuportável, doía em demasia,
"Apenas peça desculpas, dê meia volta e deixe o escritório",
Ela pensou consigo mesma, cada qual tem um sonho que o guia,
Ela tentou sorrir ao ver que acreditara no amor daquele
homem,
O amor de tudo atento, não a soube dirigir neste destino,
Tentava voltar a face para algum lugar em busca do que não
sabia,
Tudo estava exato, até que a solidão batera a porta: não a
reconheceu,
Ela trazia flores, falava de amor, bem, isso acontecera
apenas no início,
Com o tempo foi caindo no acaso, até ele não atender mais o
telefone,
Ele não quis escutar o que ela tinha a dizer, até que tudo
se distanciou,
Bem, tudo que ele fez foi baixar o zíper e embalar-se,
Não tentou controlar-se para agradá-la, só gemeu aquelas
promessas,
Gentileza premeditada para um fim individualista, amor de um
apenas,
" - Amai a mim como eu a amei desde o primeiro instante querida,
Acredite em meus sonhos e junto a ti, não irei querer mais
nada",
Ela recordara com um sorriso molhado de tristeza e um toque
de amargura,
Ele não mentia, não quis mais nada... com ela; quanto ao
resto ela não sabia,
Quanto as suas desculpas da época terem sido aceitas, isso
era outra história,
Quando se percebia estava nua, parecia não importar tanto o
que ela sentia,
"- Não irei querer mais nada”, isso ecoava em sua alma naquela
voz melodiosa,
Final que deveria ter antecedido o início, bem, se ele não
quer contato: o esqueça!
Quando se trata de amar a si mesma, nada que se faça termina
em vão,
Mas quando o amor se torna a base da sua vida, seu esquivar
faz fraquejar a emoção,
"Do amor emergi: a ele, um dia, irei retornar", - um brinde de
lágrimas- ,
Ela poderia ir até ele, devolver os presentes, isso soava a
peregrinar,
Indagava-se sobre o que poderia fazer para aplacar o erro de
tê-lo amado,
Mas achava que deveria ser íntegra ao que havia sentido,
Pensamentos trêmulos, queria que ele ao menos soubesse o
quanto o amou,
Doloroso castigo destinado aos que mentem: fingir nunca ter
sentido...
É certo que palavras não sustentam atos, não por muito
tempo...
Algumas horas, um veículo desgovernado a caminho, muito
choro no trânsito...
E um rosto vermelho pede permissão para entrar em um
escritório,
Encontra quem busca, calmamente sentado sorvendo um café,
O outro se surpreende, solta um sorriso com teor forçado,
Ela tem uma rosa vermelha em uma mão e na outra uma sacola
de antigos presentes,
Nem um sorriso antipático, falta uma mentira ou verdade
para contar,
Olhar para ele, embrulha o estomago, ela sente não ter o que
dizer,
As circunstancias favoreciam as injustiças, ele usava o relógio
que ela dera,
Presunçoso, altivo e resistente, o contrário dela com suas
lágrimas irrefreadas,
Na roupa dele parecia ainda ter o cheiro dela, ela sentia
medo das últimas horas,
Fechara a porta atrás de si, ninguém os incomodaria, ele a
olhava e gemia - em sua cabeça-,
Ela não sabia se o que via em seu rosto era saudade ou
algum tipo de tristeza,
Mas não gostava, algo gritava sua dor impiedosa, não
pronunciou uma palavra,
Ele parecia saber o que fazer, também, não disse nada,
mantinha o olhar firme,
A infelicidade parecia ter virado rotina e ela não conseguia
negar-se a ela,
Sua mente sombria, via a noite de lua depois do poente, lá
não tinha ele,
Ela estaria sozinha, dentro de algumas horas, contemplando o
luar,
Em um gesto instintivo ele estendeu a mão aberta sobre a
mesa – convidativo -,
Ela segurou firme a rosa e a cravou nele - nunca soube
resistir aos seus convites -,
O gesto o surpreendeu, ele manteve-se inerte vendo o sangue verter,
O sorriso congelou nos lábios, algo de lágrimas parecia ser
visto,
Ela não esperou o resultado, deixou a sacola, abriu a porta
e saiu para a rua,
Um espasmo de dor a movia, mas dessa vez a mandava para
outro caminho,
O destino que deixava para trás, parecia estar estagnado olhando-a
apático,
A injustiça vinha embriagada em algumas cervejas a luz do luar
– sozinha,
Pela primeira vez desde que se apaixonara e fora abandonada,
Seus olhos sentiam-se vingados por todas as suas lágrimas,
Agradeceu aos céus com um acenar através de uma garrafa de
cerveja,
Em passadas trôpegas ela tentava deixar toda a tristeza para
trás,
Enquanto enfiara a haste da rosa tomara cuidado de não o tocar,
Mas fora como um roçar em sua mão, não dissera adeus: fora embora...
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