Um prodigioso cenário de filme romântico pintado a luz do
luar,
Ao fundo peixes saltitavam em um rio de águas mornas,
Sob o sereno de uma noite calma o gramado se estendia,
Neste quadro de amor um casal se declarava com um beijo,
Admitir que se espera por um amor em cada um de seus dias,
Fica fácil quando se olha nos olhos da pessoa amada e se
sente inteiro,
Apaixonado, encantado? Um algo muito além do imaginário,
Ele guarda o cabelo dela que cai sobre os lábios com dois
dedos,
Roça a superfície da mão desde a orelha até a boca dela –sente-a-,
Ela não consegue desviar dos seus olhos, uma coruja revoa,
Um espasmo de susto e seus corpos se juntam adiantando o
itinerário,
Sem forças para conter a intensidade do desejo que os junta,
Um sussurro escapa de lábios apaixonados e o Eu te amo se
faz,
Como se esta frase desgastada pelo uso de oportunistas,
Passasse a ganhar novo sentido, um que seja capaz de se
guardar,
No pulsar de dois corações descompassados para se reavivar,
Me faz suspirar, me faz sonhar, me faz querer escapar,
Fugir daquele lugar em que estou até provar o mesmo beijo,
Dura insensatez de um coração que busca outro...
Querer buscar um alguém que preencha um lugar que tem dono,
Sendo incapaz de amar a si mesmo poderá se permitir sentir amor?
Mas, dali onde estava, admirando aqueles dois que se
abraçavam,
Ela sentia que eles se completavam, já não havia busca ou
perda,
Havia um quê de conforto e segurança em cada olhar,
Seus corações recebiam o carinho merecido e sonhado algum
dia,
É engraçado como todo o casal que se busca, se encontra...
O amor é rápido em prestar contas, seu anjo nunca erra a
flecha,
Traz na alma aquele beijo que conquista, que faz sorrir de
alegria,
Que faz nascer o afago onde nunca ouve, antecede o beijo do
final da trama,
Adia aquele adeus que faria a torcida chorar, deixa o
coração em chamas,
Mesmo o mais gelado, aquele que prometeu resistir a todo o
estímulo,
Evitar o impacto do confronto com o outro que se apaixonou e
não desistiu,
O rosto deles continuava ruborescido e desatento ao seu
redor,
Ela desviou o olhar com cuidado, baixou o rosto e colou ao
seu peito,
Seus braços apertaram-se contra os seus corpos, feito um
sonho de amor,
Um complemento àquela promessa de eu te amo, que selada com
um beijo,
Jurava que seu amor nunca teria fim, dedicados um ao outro,
Marcados por carinhos que nunca seriam desfeitos,
Parecia haver uma espécie de ritual entre eles – promessas caladas-,
Não precisou mais que seus murmúrios apaixonados para
uni-los,
Um vagalume passava por eles, repousando nos cabelos dela,
Parecia haver mais que a luz do luar sobre eles, - algo
mágico-,
As estrelas desciam do céu para tocá-los, o luar estremecia,
Ele culminou afagando seus cabelos e antes de alcançar,
O vagalume voou na direção da brisa fresca da primavera,
Que se iniciava com poucas flores, mas muitos sonhos no ar,
Toda jura de amor antecede a recompensa do beijo,
Mas aquela soava diferente, buscava muito mais que isso,
O olhar contristado que chegou não seria mais visto naqueles
olhos,
Há quem diga que grandes emoções dão uma guinada na vida,
Há outros que não as medem apenas vivem cada dia como o
último,
Se ambas as ideias estavam certas ou erradas, não vinha à
baila,
Mesmo o amor que se demora não é censurado – o inesperado-,
Sonhos congregados valem mais que planejados – por ora-,
A sedução se fez a luz noturna, tendo por testemunha a
natureza,
Não buscava certezas ou sutilezas, queria apenas a entrega,
Encontrar aquele ponto em que se vislumbra a alma do outro,
Naquele instante, havia uma pergunta em seus pensamentos,
Uma que foi calada, evitada, embora buscasse resposta,
Dormiriam no carro ou no gramado observando o luar?
Sem que houvessem controvérsias, preferiam ficar juntos,
Poderia ser em qualquer lugar, não queriam apagar o momento,
A promessa de amor se fez naquele instante e não buscava
outro,
Existem pequenos momentos que valem para sempre e pronto,
Eles conseguiram ir além do que estava no roteiro, pularam o
filme todo,
Fizeram de uma mentira, a história de amor ideal – destino disposto-,
O mais implacável amor não escolhe a hora certa, -ele
acontece-,
É aquele que na realidade, não vira as costas, não esquece o
que fez,
Não questiona o que é sagrado, ele promete porque sente,
Em um certo sentido, ajudar alguém em que se acredita não é
errado,
Mesmo que atrapalhe um pouco a áurea do beijo, a promessa no
ouvido,
Ela se aproximou deles com passos barulhentos e
desajeitados,
Ofereceu um colchão de dormir e uma barraca que tinha
sobrando,
Às vezes, o planejado perde a essência e o que não se planeja
ganha vida,
Existem pessoas que buscam viver seus próprios sonhos,
E existem as outras, que vivem os seus e não esquecem de
ajudar,
Embora ela sonhasse em encontrar um amor do tipo: verdadeiro
amor,
E aquele fosse, o tipo: “cara ideal”, ela preferiu ser aquela
que apoiaria,
Não é nada desonesto ser fiel a si mesmo, sem precisar ferir
o outro,
Sonhar em viver uma história não induz objetivar viver a
do vizinho,
Ela dirigiu o seu carro para o outro lado, ligou o rádio e
ouviu uma música,
Logo pegaria no sono, vendo as estrelas, o luar, a magia que
ali havia,
Naquela noite não precisava de companhia, na outra ela
analisaria,
Reclinou o banco do automóvel e ficou imaginando como seria ser beijada.
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