Ele sempre usava a mesma frase,
Aquela que embebida por sua boca,
Continha o doce do mel e algo mais,
O tipo que num sussurro grita: apaixona-se!
Sem deixar oportunidades para saída,
Sem oferecer um único vestígio de resistência,
Em mim, via-me faltar o fôlego, engolia as palavras,
Apenas para senti-las percorrer minha língua,
Até entrega-las na doçura de um beijo, silenciosas,
Engolia as dele feito mel por minha garganta,
Até alcançar o vazio do coração e vê-lo preenchido,
Não mais sedento de amor: suspirava,
Satisfeito por conquistar cada carinho, cada sonho,
Mesmo aqueles que nunca pensara sonhar,
Bem, mas o tempo tudo cuida, não fora de outra forma,
Há quem tema a mão do tempo se abatendo
Sobre tudo que acredita ou gostaria de possuir,
Não importa o quanto o medo venha a se aproximar,
O tempo a tudo reclama, não há como se eximir,
Esse primeiro vislumbre de um adeus me feria,
Tal como o aço da morte que rompe por dentro,
Alma e coração, destino traiçoeiro de quem ama,
A frase, aquela que nunca desejei ouvir chegou em seu olhar,
Desviei a atenção, busquei algo em que me refugiar,
Tivesse dito algo, eu não teria dado ouvidos,
Mas lá ficara, nublando a luz do seu olhar,
A frase não tardara a ser pronunciada: adeus, tudo acabado!
Os lábios que, outrora, me beijaram trêmulos estavam
seguros,
Não oscilavam em nada do que diziam: certeza doída,
Dentro da frase, continha uma porta sendo aberta,
Vi-la se fechar sem ser trancada, suas chaves ficaram sobre
a mesa,
Calculadamente esquecidas, ignorei a palavra abandonadas,
O plural me continha, preferi baixar o olhar sem dizer nada,
No verso da frase salpicada por beijos continha dor,
Quisera eu não tê-la provado de forma tão obsoleta,
Por que conto esta história? Por três razões: seu olhar,
Seus carinhos e seus beijos, nenhuma outra,
Não queira dizer que o pedi para voltar,
Não insinue que estou buscando algo para acreditar,
Nem ambiciono que leia o que tento falar,
Mas, não duvido que talvez, pelas ruas da cidade,
Tome de tudo que digo, conhecimento;
Não acredito que saia satisfeito de tudo que ouvir,
Mas, para adiantar sua curiosidade: sim, o amo!
Em tais circunstâncias implorar por você seria atraente,
Mas não fora de joelhos que você me conhecera,
Não será desta forma que irá me ver, acredite;
Aprendi a amar sem cobrança, sei manter distância,
O coração que era de neve derreteu, e hoje inunda meu olhar,
Mas a quem isso importa? Bem, acabo de escrever esta carta,
Talvez, chegue a ti feito uma carícia,
Com certeza irá nos recordar,
Saber que o amo te faz sentir como?
Apontar um dedo acusador sobre você,
Taxando-o: responsável; Sim, conquistara-me,
Depois que a porta se fechara, eu esqueci de trancar,
Fiquei boquiaberta esperando ouvir algo além,
Busquei uma desculpa, uma forma de reação,
Ela está agora plenamente afável,
Pensei em ignorar a sugestão desagradável de esquecê-lo,
Mas recordei que você não me pedira isso,
Ao menos me poupara do que seria incapaz,
Posso ouvir seu riso, ele ainda brilha em meu rosto,
Fosse por mim, nunca o abandonaria e você, o que diz sobre
isso?
De olhos turvos busco algo em que me agarrar,
Se estou sofrendo? Você sabe que não gosto de falar,
O gosto do seu beijo parece ser nocivo a ideia de distância,
O traz de volta feito uma miragem, te vejo aqui a toda hora,
O que tenho a enfrentar agora que o sol se deita?
Sua ausência, não é o bastante? Sim, sofro agora;
Neste momento estou enganando-a mas não irá durar muito,
Faço uma pausa entre soluços busco recuperar o fôlego,
Recordo de quando o perdia em seus beijos,
Você se apossara dos nossos momentos, são seus o que era
nosso,
Como irei revivê-los se estou aqui só?
Me sinto tão abandonada quanto as suas frases,
Elas perambulam por entre os cômodos, às vezes, trazem abraços,
Outrora outras coisas, você me entende?
Por um instante elas encaram minha dor descrentes,
Noutrora desacreditadas parecem me tocar,
Confesso não saber em qual me agarrar...
Me apego a tudo que deixara para traz,
Uma parte descrevo nestas linhas, outra revivo,
No entanto, existe outra que vive dentro de mim,
Está pronta para despertar, bem, mas avisei-o,
Não pediria para que retornasse para nós dois,
A expectativa de um beijo que se consumara me basta,
Lhe disse, ainda o sinto; há quem nunca tenha vivido o amor,
Temo por eles, nunca alcançaram tudo que conquistei contigo,
Te ofereço um sorriso tímido, veja-o como quiser,
Não te convido a elogios, nem insinuo saudade,
Se a ínsito em você, seria porque a deseja sentir, você sabe...
As suas chaves continuam no mesmo lugar e a porta: Eu já disse.
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