quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Te Amo Meu Esposo

 


O véu do dia se abateu no horizonte,

Marcando o infinito num fogo reluzente,

Depois disso, eu o vi sobre mim me fitando,

Não desejei mais ver nada ao meu entorno,


Somente os braços dele que se mantinham fixos,

Em distância segura para se recostar em meu peito,

Meu corpo agora continha o peso de amar,

Era sereno, feito a brisa que vinha trazer o luar,


Era intenso como o véu de estrelas ao seu redor,

Quando ele me beijou meu teto deixou as alturas

E caiu suavemente em seus lábios macios e grossos,

Franzi as sobrancelhas indecisa quanto a amar tanto,


Então beijar era assim mesmo, tocar o firmamento,

Com a ponta dos dedos sabendo que seu mundo

Agora estava sobre você e lhe beijava com brandura,

Sentia meus lábios desenhando-se entre os dele,


Meu corpo pedia abrigo no seu e o mantinha,

Ergui meu dedo como se quisesse tocar a montanha

Atrás de nós, num piscar de olhos tudo mudou,

Ao senti-lo no meu peito, vi a terra ficar plana,


O tapete que eu tinha sob meus pés foi removido

Pelo doce suave em sua boca macia,

Eu pedia a ele e o mundo nos respondia no espaço de um beijo,

Agora meu corpo era mantido por ele e suas carícias,


O horizonte se jogava aos meus pés, desorientado,

Nunca antes havia presenciado algo como nós dois,

Tudo o que eu desejava estava ao meu alcance, seu corpo,

Fechado entre o meu corpo e o infinito ao nosso dispor,


Neste instante, acariciei seu rosto e enchi-me de orgulho,

O negro do infinito se manchava num dourado tênue,

Mas nada comparava-se ao azul límpido do seu olhar,

Nem mesmo o rio de águas cristalinas que fazia sua curva,


Esqueci o encanto anterior e não medi esforços,

Beijei sua boca o mais que pude, ouvia disparos ao longe,

Já não me assustava com isso, era meu coração falando,

Mas rouco de desejo não podia-se ouvir tanto dele,


Ao menos, naquela hora não foi nossa prioridade,

Foram-se duas vidas e ficaram dois corpos sedentos,

Entregues ao desejo incontido que corroía seus medos,

Entre estímulos e sussurros ao ouvido,


Carícias percorriam soltas caminho outrora proibidos,

Buscando e entregando um amor desconhecido,

Entre os suspiros soltos no ar da noite enluarada,

Quem nos contemplasse ao longe diria: seria um apenas?


Ora, teimaria o outro: são dois amando-se em plena noite,

Tivesse um terceiro duvidaria, tal era a intensidade dos beijos,

Que ao longe, não distinguia-se mais que um vulto,

Estava as portas do ápice de um amor pleno,


Querido, por favor, lhe rogo: não me abandone,

Disse eu oportuna entre uma carícia proibida e um beijo,

Denunciava que sua alma estava saturada de uma pretensão,

Que quanto mais entregava mais sentia – a pura redenção,


Mostrava minha face apaixonada, aquela desconhecida,

As horas foram passando mais depressa que as carícias,

Chegou o clarão do sol colocando um véu alaranjado no céu da lua,

Pedia a ela para dormir que agora vinha o dia,


Solicitava que se afastasse até o ponto de ver as estrelas,

Pois ali, sozinha, ela não poderia ficar,

Antes dos primeiros raios de sol os pardais acordaram,

Fizeram uma sinfonia, acordaram o orvalho,


Que escorreu por entre as folhas até cair em nossos rostos,

Pingou na face esquerda dele e percorreu-a até se achegar em mim,

Nossos corpos suados não distinguiam tanto assim,

Parecia-me que era um carinho e não outra coisa,


Esquecidos do nosso amor, os pássaros voavam ao amanhecer,

Pensei comigo que estava amando e não queria parar,

O beija-flor, tocou uma flor ao meu lado,

Nós ainda nos beijávamos,


Beijar sua boca esplêndida: meu privilégio e armadilha,

Se pensava sair ilesa depois dos seus afagos me enganei,

Apaixonei-me e não desejava outra coisa senão sua boca,

O sol se aconchegava ao dia enquanto a lua se despedia.

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