Corria, corria o mais depressa que podia,
Com a esperança de deixar tudo para trás,
Talvez, esquecer ao menos um minuto,
Cicatrizes antigas deixam algum dia de sagrar?
A lembrança da sua voz era nítida e alta,
Parecia até mesmo que a ouvia a distância,
Era como se tivesse suas palavras gravadas,
Mudava a cidade, disfarçava a rota,
Mas a cada virar de esquina, lá estava ela,
Repetindo cada palavra como se não cansasse de ouvi-la,
O que resta das promessas quando tudo acaba?
Tocava o celular, a tela parecia pedir um número,
Mas não, não discaria, não agora,
Já estava distante de tudo,
Porque sua voz teimava em chamar de volta?
Atravessou outra cidade, luzes tremeluziam lá fora,
Enquanto em sua cabeça a esperança se escurecia,
Queria esquecer, queria apagar, mas algo não permitia,
Olhou para o alto, via estrelas que se perdiam,
Nem mesmo elas queriam estar onde estavam,
Diminuiu a velocidade, apenas um pouco,
Já estava distante demais para voltar atrás,
Não importava o que a saudade dissesse, se recusaria,
Falasse de amor ou outra coisa, não ouviria,
De repente, o redor estava cheio de sussurros,
Promessas feitas e desfeitas, sonhos despedaçados,
Que buscavam preencher espaços,
Como se pudessem se reconstruir sozinhos,
O celular chama, seus dedos pedem um número,
Um último pensamento antes de dobrar a velocidade,
Cicatrizes antigas tendem a durar para sempre?
Adiante, enquanto passava por outra cidade,
Desliga o celular, prefere reprimir a saudade.
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