terça-feira, 22 de março de 2022

Bem-Vindo Outono

 

Me sentia bem,

Exceto pela saudade,

Sentia o frescor do outono,

Primeiro dia,


O cheiro de frutas preenchia o ar,

Da falta de lágrimas eu não estranhava,

Mas, confesso que aguardei pela chamada,

A ligação fora de hora que neste instante,


Eu já sabia, não iria chegar,

Nem ao menos ele voltaria,

Esperanças jogadas ao vento,

Folhas a preencher o chão amarelado,


E eu, aqui a lhe falar tudo que vivo,

Sobre o amor que sentia certo dia,

Não omito os detalhes,

Mas, assim como algumas folhas se perdem,


Dentro de mim, algo iria junto para outro lugar,

Talvez para distante, talvez não tanto,

Meados do fim de março e eu não esperava outro mês,

Nem ao menos pensava em outro dia,


Apenas vivia o presente,

O outono enchia de cheiros todo o ambiente,

As frutas pareciam competir uma com a outra,

Em mim, a saudade brincava com a distância,


Às vezes, deixava as lembranças distantes

Outrora me ignora e as faz presente,

Sim, ainda me recuso a lembrar,

Depois de meses de distância quem se arriscaria?


Tinha passado a minha última hora

Pensando em nunca mais recordar a sua boca,

Jurando para mim mesma

Que nunca houve nada e nem haveria,


A esperanças, as vezes, confesso brinca com a gente,

Se disfarça de saudade e ousa nos fazer sonhar,

Mas, isso não dá certo comigo, não neste instante,

Quando pássaros voam e borboletas caem,


Quando tudo parece tão longe de ter existido,

Segundo em que o gosto do seu beijo passa despercebido,

Sugo uma laranja e pego outra,

Me recurso de todas as formas recordar sua boca,


Até o fato de você ter insistido tempos depois

Me passa despercebido,

Não busco o motivo de ter insistido,

E muito menos o de ter desistido,


Bem, que o dia está lindo não é impossível de ser aceito,

Mas, quanto ao sol, posso confessar que nunca o vi deste jeito,

Começa a nascer, mas fica esfumaçado,

Chego a pensar que está em passos incertos,


Será que nem mesmo ele possui todas as certezas?

Penso que ele não está ali por simples estar,

Sei que as vezes ele disfarça e olha para a lua,

Mas, hoje vejo um brilho diferente no ar,


Ele não parece estar seguro,

Talvez saiba de algo que não queria calar,

É o que eu digo: as vezes, a gente se cansa,

Quem sabe a lua saiba dar ouvidos,


Ou então, a relva aqui embaixo o responda,

Me agacho por um segundo, estendo as pernas e me sento,

Vou esperar, acho que hoje não é como ontem,

Há algo no ar, eu me definiria, quanto a isso: impaciente.

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