Havia algo as quatro da tarde,
Algo pelo qual não dormiu a noite,
Olhou o relógio neste dia mil vezes,
Agora faltavam apenas poucos instantes,
Se é que minutos podem ser assim definidos.
Ao todo: quinze minutos nada menos,
E jurou a si mesma que conseguiria,
Há sempre um lugar onde a saudade ocupa,
Queira Deus que a saudade dele a pertencesse,
Ou que ao menos quisesse ceder passagem,
Um instante ao seu lado já seria o bastante,
Será que quando se ama momentos são suficientes?
Para lembrar sim, mas para permanecer?!
Fosse como fosse ela gostaria de saber;
Um ruído seguiu-se na rua em frente a casa,
Um motor se desligava lento e desavisado,
Soubesse ele o quanto ela o queria perto,
Talvez tivesse feito mais esforço, ou o tenha feito,
E ela desatenta não soube precisar,
Com as mãos tremulas e suando frio,
Como é que se pode pensar com clareza?
Tocou a porta antes de ser tocada a campainha,
Era ele, ela reconhecia o cheiro e a forma de chegar,
A porta estava destina a perturbá-la,
Decidiu por emperrar, fizesse o esforço que fizesse: não
abria,
Puxou o trinco, bateu de leve sobre ela três vezes,
Empertigou-se, e recostou o corpo com força,
Quase aos prantos com o olhar cegado de lágrimas,
Deixou-se escorregar o corpo, desolada,
Mas, então deteve-se: ela poderia falar, então, falaria,
Saberia que era ele e o pediria ajuda,
Tão simples quanto qualquer outra coisa,
Mas a voz dele não era ouvida, e o tempo passava,
Nem ouvia a campainha ou batidas na porta,
Nada, absolutamente nada,
Será que ele teria errado a casa,
Ou evitasse Deus desistido da ideia de vê-la?
Nem ao menos um último olhar,
Um jogar-se em seus braços desesperada,
Sobre um último beijo ela já dispensava,
Mas um último olhar, como poderia desistir de tudo que mais
esperava?
Dois minutos do horário se deram por vencidos
E percorreram sem que ela desejasse o relógio,
A cinco ela tentava abrir a porta sem êxito algum,
Implorava por ouvi-lo, sentir seu cheiro ou qualquer coisa,
A coisa toda não soava estranho,
Pois havia um cheiro diferente no ar,
Alguém parecia estar a espera mas estava mudado,
Chegava a ver um semblante frio do outro lado,
Quase sentia uma voz sóbria e desafiadora lhe dizendo não,
Três minutos escorregaram e ela ali estagnada,
Grudada na porta como se ambas fossem a mesma coisa,
Alguém batia a porta de um carro,
Acho que a fechava, talvez logo houvesse uma partida,
Não seria a porta da casa dela, pois esta não se abria ou cedia,
Como ela havia ansiado por este dia,
Como contou com a sorte hora após hora,
Quando a voz dele lhe ressoava ao ouvido pela saudade,
Ela sabia que tudo que mais queria era ele,
Soando como se estivesse ao seu lado,
Chegou a acreditar que havia amor entre ambos,
Voltou-se, desgrudou da porta sem saber como,
Ficou de frente, esforçou-se e nada,
Havia um lugar, uma pessoa e um carro,
Fora isso, havia muito sentimento envolvido,
Era a segunda vez que iriam se ver, nada além disso,
De quantas vezes se precisa para que o amor se dê por
vencido
E deseje adentrar em um coração aflito?
E se for em dois corações de uma única vez
É necessário percorrer tempo em dobro?
O carro estava parado mas que diferença fazia isso?
Não, ele não se movia, devia estar lá dentro pensando,
Ou quem sabe, desistindo...
Às vezes, os homens são assim fogem sem razão,
Você vive uma paixão, ardente e febril,
Mas, vem o sol do outro dia e o calor se torna vão,
Quando o beijou, o imaginou ao menos pelo mês de abril...
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