De dentro de sua boca,
Um lugar profundo e terno,
Em que as palavras soavam arredias,
Podia sentir o gosto do desejo,
Com um murmúrio a silenciar um pedido,
O Eu te amo foi
pronunciado recostado,
No exato segundo em que provava o sabor,
E se embriagava porque desejava ficar,
Num tipo de porre em que se perde as pernas,
A direção, a cabeça e tudo mais,
Simplesmente, quer-se ficar ali e não sair,
Não se importa se ao amanhecer irá cair,
Ou se dessa vez tudo dará certo como sempre quis,
Simplesmente aproveita o momento,
O instante mágico do aconchego,
Em que encontra um lugar para ficar,
Um lugar diferente dos outros,
Em que se é bem-vinda,
E quanto mais se aprofunda,
Mais se perde o controle e a compostura,
Ao se estar dentro não se quer sair e pronto,
Adentra-se num universo reservado,
E busca-se saciar ao saciá-lo,
Sente-se apenas que não se pertence,
Ser sua é o maior desejo e maior alcance,
Ter seus lábios é ver o passar das horas
Como se fosse uma noite escura,
Em que não se vê nada,
Mas sente-se tudo que está envolta,
Aconchego minha boca na sua,
E o tremular encontra o calor da pele nua,
Molhado e arredio,
Apenas deseja-se provar mais um pouco,
Até alcançar aquele algo,
Que palavras ou carícias não sabem falar,
Sinto o gosto que jamais será esquecido,
Um pedido calado - baixo,
O Quer namorar comigo
expresso em gemidos,
Mas, que não é falado,
Nem mesmo quando os olhos se abrem e se encontram,
Nem quando as mãos se juntam,
Ou quando o ar falta e o respirar se mistura,
Nem mesmo quando se pede que não amanheça o dia...
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