terça-feira, 17 de maio de 2022

Dor


Sentiu engolir as palavras,

Todas as frases gritadas contra sua cara,

As juras engasgadas no peito que arfava,

Agora agarravam-se no emaranhado de palavras,


Aos poucos tudo se transformava em dor,

Suportável... para este alguém que tanto amou,

Aos poucos, todo o redor perdeu o sentido,

Talvez, tenha pensado em estender-lhe a mão,


Quem sabe as palavras se perdessem com o tempo,

Mas não,

O amor que grita alto ainda faz justiça?

Se a voz que sussurrou promessas agora fala alto,


Não o fez no mesmo tom ou ardor as juras apaixonadas,

Como pôr na balança o antes e o depois...

Existem momentos que não merecem um depois,

E este estava preso em seu pensamento,


Ergueu os olhos apenas um pouco,

Ele ainda estava a sua frente e agora parecia tenso,

Será que esperava uma resposta?

Ele havia perguntado algo ou apenas opinado,


No tom que o ouviu falar não entendeu insegurança,

Não, agora seu coração tramava uma injustiça,

Se sentiu ferido pensava em partida,

Os olhos se marejaram com poucas lágrimas,


A sua visão estava nublada,

Tudo se confundia,

A mão espalmada remetia violência,

Se recusava a estender-se na direção de quem ama,


O abraço que sempre foi seu caminho e abrigo,

Agora estava impassível e arredio,

Não sentia vontade de se aproximar,

Ao contrário, um instante antes, dera um passo para trás,


Quando é o amor quem repele,

Quem será capaz de fazer esquecer?

Desviava-se o amor que jurou ao para sempre,

A dor do que ouviu ainda estava latente,


O veneno que engasgava tinha o efeito de serpente,

Se desviava das juras que haviam sido ditas,

Apenas para voltar-se e ferir em emboscada,

Pode um amor em tão pouco ser levado às ruínas?


Desejou poder tapar os ouvidos,

Estar cega para o olhar que a estava olhando,

Acreditava apenas que não merecia tudo isso,

Teria como se fazer de surda para o seu tom ameaçador?


Suas palavras desapareciam como a água que corre,

Escorriam por dentro e alcançavam as promessas,

De uma a uma e confrontavam sua dor,

Quando ela ousava revidar as juras caíam por terra,


Como se estivessem sendo atingidas de frente,

Sem forças para revidar ato tão triste,

Algumas palavras perdiam espaço e se debatiam,

Na luta contra o amor que havia vivido


Algumas de suas palavras gritadas se perdiam,

Mas outras não, permaneciam em alerta e a espreita,

Desejavam apenas uma brecha,

Não viam elas o que haviam sentido um pelo outro?


Sentia o peito arder feito veneno,

Estava este amor apenas cansado ou já desistia?


 

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