terça-feira, 19 de julho de 2022

Erro Perfeito



Instante em que o erro é venerável,

O momento em que posiciona-se,

Porta aberta, chaves em mãos,

Mas, algo impede de sair para fora,

Leva-se um dedo aos lábios e sente a pulsação,


Diz-se, não, fecha-se a porta e fica onde está,

O tal beijo apaixonado implica algo a mais,

Uma carta apaixonada, um poema qualquer,

Mas, a frieza com que a contemplou,

Está sim é que não merecia ser esquecida,


É certo que esquecera o dia,

O tal dia em que haveria o segundo encontro,

Ao terceiro chega atrasada,

Mas em que importa?

O conjunto de amar uma pessoa


É mais que datas marcadas no calendário,

Com aquele velho canetão da escola,

O qual se comprara em hora de desatento,

E guarda-se, sem saber por quê...

Destrua-se no coração cada lembrança,


E destrói-se com isso a ignorância,

De amar alguém mais que este mereça,

O maior perigo em tudo isso,

É o triste coração destroçado,

Condensa-se em poucas palavras o amor,


Em versos simples como eu te amo,

Então, por que poupar esforços?

Porquê não sente nada, é isso!

Amar é identidade – identificar-se,

Com algo ou alguém a ponto de definir: importante;


Homens são no geral iguais,

Mas, para os que sonham: há de ter alguém,

Não é possível acreditar-se num para sempre,

Se este não vier... não é possível;

Quanto ao que chamam destino?


Bem, cada qual é capaz de fazê-lo por si mesmo,

Mas, um pouco de esforço,

Um barulho em frente a sua casa a desperta,

Uma buzina é tocada de forma insistente,

Ela desse ao chão e mantêm-se,


Não há diferença para quem está aqui em baixo,

Mesmo frente a barulheira toda: não atende!

Mesmas lágrimas de antes,

No sofrer não há tanta diferença,

Um soluço, um sufoco e uma noite bem dormida,


Esgota-se e dorme, apenas isso;

O erro de ter faltado agora era incurável,

Podia alimentá-lo, com uma ligação inexistente,

Um esquecimento premeditado,

E semanas após isso,


O procura com a desatenção na face,

A alma que se consome em tristeza,

É a mesma que busca forças nas promessas,

Se não houve uma em que se basearia?

Nela mesma? No que sentiu ou pensou existir,


Que o amor chegue de alguma forma,

Que bata a porta ou de alguma forma me alcance,

Que seja tão lindo quanto uma promessa,

Pois, confiar no que dizem as palavras

Também faz bem, por que não faria?


Que o beijo que repousaste em minha boca,

Não fizesse esforço algum para sair, por que faria?

O que vem para acrescentar não precisa ser jogado fora,

O que houve, aconteceu, não há porque mudar;

Coloco neste beijo uma última esperança,


Não na pessoa, no beijo que aqui repousa,

Que este beijo numa promessa dê-me vida!

Não preciso de tanta paixão para buscar nele a graça,

Que seja da forma como está,

Conforme for de sua promessa!

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