quinta-feira, 28 de julho de 2022

Na Estrada


Quando, por volta da meia noite,

Às 17 horas antes da primeira cidade,

Na saída do estado estrangeiro,

A rua se apresentava quase deserta,


Encontravam-se alguns rostos bonitos,

Porém, nada que descortinasse a alma,

É de dar medo,

A certeza que a distância traz,


Mas, aquele homem que a pouco

Fora deixado para traz,

Não seria esquecido, nem um pouco,

Nem ao menos no menor segundo que fosse,


Quanto mais os rostos se misturavam,

Mais a certeza lhe tomava a face,

Por fim, já não sabia o quão bonita era,

Isso havia deixado de ser importante,


Lá atrás, com ele;

Os rostos bonitos pelas ruas,

Já não pareciam homens,

O quão engraçado se apresenta o amor?


Quando nos dá certezas ao nos colocar distantes;

Parece que no coração se formam,

Paulatinamente, um rosto e com ele momentos,

E as horas a pouco vividas,


Se tornam maiores do que foram,

As poucas horas são recordadas por dias a fora,

E não se acabam as lembranças,

Os rostos fora das janelas estão indistintos,


Apenas a rua ganha foco,

A janela é fechada em gesto vago,

Um suspiro escapa pelos lábios,

Uma música é ouvida com mais atenção,


Procura-se um passageiro ao lado,

Um sobressalto vem ao coração,

Procura-se o sinto de segurança,

Verifica-se a trava,


Analisa-se o pisca, o alerta, as luzes do carro,

Tudo parece estar certo,

Os pneus rodam conforme comando,

Tudo segue-se o mais normal possível,


Porém, por dentro algo mudou,

E esta mudança é profunda,

Nada é como antes,

Talvez, não voltasse mais a ser,


A escuridão torna-se densa,

É como se não houvesse alma alguma nela,

Nenhuma voz acolhedora,

Ou ao menos reconhecível,


Tudo cai-se ao indistinto,

Apenas momentaneamente, vem um sorriso,

Uma lágrima molha o olhar,

E permanece nele, lá dentro,


Os minutos agora arrastam-se,

As horas se apresentam monstruosas,

Quanto mais se afasta mais sente,

A velocidade está palpável sob seus pés,


A marcha está fixa,

Não há estrelas ou lua,

Apenas uma estrada a frente,

É que agora, um homem se despede dela,


Agora, neste exato instante?

Não, há exatas cinco horas atrás,

O que é preciso para fazer a distância desaparecer?

De que são feitas a lua ou as estrelas?


E os lábios dele?

O sorriso com o qual emoldura a boca?

De amor, carinhos vagos e procura?

Talvez, no amanhã ele a procure...


Escuridão, estrada e música para companhia,

Borboletas eventualmente surgem,

Procuram pelas luzes e se perdem,

O carro ilumina um ponto a frente,


Não mais que isso,

Um ponto, será que é o bastante?

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