Já não era a carta que eu buscava,
Coloquei a mão a esmo,
E vasculhei a caixa,
Buscava a que mais gostava,
Mas desta vez não foi como era,
Puxei outra,
Não a sua,
Um vazio ali se entreabria,
Palavras pediam para ser
esquecidas,
Um amor se distanciava,
Dali se levantaria um fantasma,
Com palavras descritas,
Que já não serviam como outrora,
Seriam apenas versos,
Juras que não ganhariam voz,
Mas, eu ainda assim podia ouvir
meu coração,
Quisesse ele ou não,
Ainda clamava por seu nome,
Ouvi-o chamar e agora reclamar por
você,
Por mais que eu fugisse,
Havia sempre algo em que me
apegar,
Tinha seus sussurros ao ouvido,
As juras voltavam de uma a uma,
Era quase como se o tempo não
tivesse passado,
Seus lábios vagamente avermelhados,
Seu rosto: um reflexo do luar,
E no olhar,
Ah, o olhar contava muitas coisas,
Confesso que quis fugir disso,
Mas algumas vezes mergulhei neles,
E o que vi lá,
Não me deixou surpresa...
Pintado naquele rosto bonito
Havia algo que assustava,
Ele fugia do amor,
Nada mais que isso,
Mas falava outra coisa,
E isso, naquela hora,
Não me pareceu tão apropriado,
Parecia que seu rosto era disforme
ao olhar,
O que vi naquele instante,
Não levaria ninguém a um tribunal,
Apenas quis ter percebido antes,
Antes do beijo, do abraço, deste
ponto final,
Pois o que faria você?
Se o coração diz que ama,
Mas aquele por quem é apaixonado,
O olha e indaga: a quem?
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