Contraio os lábios,
Com êxito suprimo o gemido,
Mas não consigo esconder o sorriso,
Engasgo com as palavras,
Não escondo o espanto em vê-lo,
Deixo estampado meu despreparo,
Mesmo tendo mil vezes ensaiado,
Refletido por inúmeros dias,
Olhos arregalados,
Boquiaberta,
Quando se ama é sempre o mesmo efeito,
Confesso que o dele apenas aumenta,
Seus reflexos sobre mim são irresistíveis,
Não sei se ele compreende bem o que faz comigo,
Penso que sim, e me esquivo,
Abaixo a cabeça tento controlar o tom,
Faço o que posso para não demonstrar tudo que sinto,
Acredito que ele saiba o que representa,
Sei lá se sonho de amor possui nome,
Nele um sonho espalha-se feito água,
Em tudo que se olha vê-se perfeito,
Mãos, boca, músculos e reflexos,
Será que ele é um cara do tipo “ensaiado”?
Deus me livre não passar de representação,
Não estou preparada e não estaria,
Bem não se pode satisfazer com aparências,
Mas o conheço e não tento disfarçar,
Ele é mais que isso,
O sonho soube bem escolher a habitação de seu nome,
Másculo em cada ato,
Até a forma como olha e reage,
Sei lá, embasbacada, apaixonada?
Nem tento confessar,
É certo que ele sabe até o que penso,
Tanto mais o que sinto,
Não se satisfaz o amor apenas de afagos,
Por Deus e eu sei disso,
Mas como faço para não deseja-lo tanto?
Assim, da forma como ele é,
Parece ser tão perfeito,
O pão da aflição,
Meus Deus sua distância me traz isso,
Porém, sua presença me deixa incontida,
Não sei como controlar a emoção,
Às pressas busco me recuperar,
Sair deste estado atômico de comoção,
Para que cada vez que ele venha,
Queira um pouco mais que antes voltar,
Sim, o quero comigo!
Meus olhos se tornam turvos e aflitos,
Olho-o de esquivo,
Tenho medo de perde-lo,
E sofro por achar que nem o tenho,
Ele me olha daquele jeito medido e meigo,
Até parece excitado,
Deus sabe que ele gosta dos seus efeitos!
Ele se aproxima e está muito perto,
Não preciso me mexer,
Meu corpo treme e confessa o querer,
-proximidade;
Nunca esta palavra surtiu tanto impacto.
Me basta um passo para estar nele,
Em seu abraço,
Que outra coisa eu poderia querer e ele?
Ouso olhá-lo,
Recolho todas as forças e o encaro,
O que será que vejo?
Como posso defini-lo?
Talvez, definir não fosse o caso,
Por Deus o que e por quê o sinto?
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