Tornei insensível meu
coração,
De todos os rostos,
Não quis guardar emoção,
Nenhuma fotografia ou
lembrança – nulo,
Surdos os meus ouvidos
Para toda a declaração,
Cegos meus olhos
Para juras ou aclamação,
Há coração que se
converta
Ou possa após isso
encontrar cura?
As vezes, confesso me
indagar:
Até quando?
Este coração que está em
ruínas
Não encontra habitante,
Dentro de mim há um pouco
de abandono,
Fora isso – estou bem,
Não digo que os sonhos
estejam devastados,
Porém, não me posiciono
em alguém,
Não me sinto desolada,
Mas o amar está distante,
bem distante,
Ainda que todos vejam meu
rosto,
Não me verão,
Se ouçam minhas palavras,
Também não entenderão,
Mesmo que estejam vendo,
Ainda assim não
perceberão,
Mesmo que um décimo de
mim recorde,
Ou que algo em mim o
procure,
Não saberão,
Dos sonhos que sonhei um
dia,
Nem todos se arruinarão,
É certo.
Mas como a flor permanece
na árvore,
Sempre que esta cai,
A dor também está
lancinante,
E minhas lembranças
buscam fugir,
Penso que viver ele não
foi importante,
Amá-lo nunca foi tão caro
assim,
E o amor não deve ferir,
Se é amor então não deve
ferir,
Quantos troncos serão
derrubados
Para que se possa tocar a
flor do alto?
Arrancá-la ao meio,
Despida de seu lugar ela
não permanece,
Sabe-se que o perfume –
mesmo este,
Vem da árvore.
Assim a santa semente é
arrancada,
Do núcleo da flor é
extraída,
Atira-se ela a terra,
E espera,
Logo a árvore nasce e a
flor retorna,
Mas sabe-se – ela cresce
e sobe,
Lá no alto torna-se
inatingível?
Não, ela apenas conhece
seu lugar e valor,
Há para tudo um tempo e
modo...
Há quem entenda de tempo,
Há quem nisto perda todos
os seus modos.
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