sábado, 15 de julho de 2023

Me Envergonha

Pouco após uma pegada,

Há outra e depois outra;

Assim é com os beijos,

Nunca se quer um único,


Não os apaixonados,

Mesmo que solitários e vazios,

Observa-o,

Quer-se ver visível,


Estraga-se por amor,

Deseja ser correspondida,

Para a direita há a calçada,

A esquerda a rua trafegável,


Quando se está no abraço amado,

Não se vê muito mais que isso,

Uma mulher passa do lado,

Há nisto algo que os separa,


Ele para o beijo,

E se volta,

Arranja ou não desculpas- se afasta,

Ela segue sua direção,


Ainda recorda seus passos,

O tamanho, a forma –meticulosa,

Atenta põe-se a segui-los,

Logo há um grito,


Uma respiração entrecortada,

E olhos –os dela – fechados,

Lábios compressadamente silenciados,

A mão dela repousa rápida sobre a boca,


A cala, - fala indesejada.

Nem tenta um último suspiro,

Da vida de um beijo a agonia,

O que a segundos teve um fim,


Inicia-se logo adiante através das lágrimas,

-O que há em toda a história que precisa

Socorrer as bucetas,

Nota-se o enredo fechado,


Do início ao fim – as vaginas...

Uma fala atrás dela comenta.


Ela não olha para trás apenas ouve,

Retira alguns sentimentos sua própria mão da boca.

-Creio, que elas estejam mais difíceis...


Ela tenta rir mas não sabe se pode.

-De repente os pênis estão perdendo o valor...

Desta vez ela ousa olhar para trás.

-Pois é, existem tantas formas de encontrar prazer.


O grito que antes respirava,

Agora sufoca e paulatinamente cessa.

A mulher que antes gritava agora chora,

A moça ainda com a mão na boca vê o namorado em socorro.


-Deve ser o cheiro de menina nova,

Logo que baixa o olhar vê a criança com ela.

Buceta nova deve proporcionar orgasmo diferenciado.

A sombria súplica do invisível se cala,


Ela cansa de falar sozinha e sai de cena.

Existem pênis e pênis – diferencei-os.

Uma história não pode ser história se não houver vagina,

Querendo ou não,


Nada grita mais alto que o pênis,

Nem mesmo a vagina que o implora.

Uma vida de servir e servidão,

As mãos que tapavam a boca vão para o rosto,


Sinto vergonha se um dia servi-o,

-Ai de mim que terrível ruína,

Rebaixar-me a servil – serviçal- vagina.

O escravo a servir-me e eu a trouxear-me,


Valorizar um pênis- separa-lo do homem,

Seria difícil vagar pelas ruas com mãos na cara,

Sou obrigada a vê-los,

Penso se eles percebem,


Se entendem o quanto vejo...

Envergonho-me.


 

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