Mas, ela manteve o silêncio,
Mesmo quando ele fechou a porta,
A luz apagou-se sem motivo,
E a escuridão a tomou.
Cruzou os braços,
Manteve-se:
Acordada, parada, por horas,
Olhando o rádio ligando,
Prestando atenção no som,
Imaginando se a próxima música
Poderia dizer algo sobre sua vida,
Fazer uma escolha,
Definir objetivos.
23:30 o rádio sessou,
Tudo a volta ficou escuro,
O ar frio e mal cheiroso,
Como se houvesse uma presença,
Ela esperou ser abraçada,
Não o foi,
Esperou ser tocada por entre as pernas,
Não o foi,
Esperou o puxão de cabelo,
O tapa na bunda,
Não houve nada.
Mas a ideia da presença
Não lhe deixava,
Deveria ser sua própria companhia,
Que se fazia mais intensa.
E, como sempre,
Ela sentiu que o via sumir de vista,
Ir para mais longe,
A sensação sorrateira de alívio,
A percorreu,
Rápida e arrepiante por seus pelos,
Logo passou,
E lágrimas vieram ao rosto,
Pesadas feito chuva,
Algo nela é sobre ela,
Este algo era apenas dela,
Sua dor, solidão, heresia...
Odiou-se por isso.
Segurou um grito,
Por entre os dentes fechados,
Pressionou-os com toda força,
Intensa para não cair de joelhos.
Ele era bom demais,
Frente a tanta bondade,
Ela ficava impotente,
Ele parecia-se com o melhor do mundo,
Mas então ele foi embora,
E levou a ilusão com ele.
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