Quando achou que era o bastante,
Afastou-se,
Ainda de olhos fechados e incrédula,
Acabou o beijo,
E não haveria outro.
Viu algo no rosto dele,
Olhos abertos e espertos,
Trêmula de medo do que encontraria,
Não assimilou o tanto que via,
Baixou o rosto para as mãos,
Assim que elas deixaram o rosto dele
E chegaram a altura do abdômen,
Estavam trêmulas e inseguras.
Não, não haveria outro beijo,
Não com este homem.
Já não sabia o quanto lhe custaria,
De entrega e fugas,
Mas nunca mais tocaria estes lábios,
Pronunciaria o Eu te Amo
Que chegava tão fácil a sua boca.
Não havia descrença do que acreditava,
Pavor, medo, insegurança...
Não haveria outro beijo,
Achou que suas unhas cairiam,
Pareciam tão frágeis e palpáveis,
Desejou ter uma lixa consigo.
Tentou afastar o pensamento,
Olhar segura para ele,
Porém, a cabeça pesava,
Ombros e pescoço não obedeciam.
Não haveria outro beijo.
Ela sentia o olhar dele sobre ela,
Sempre seguro e íntegro
De tudo que queria.
Ela odiava estar tão próxima de suas mãos,
Sentir-se tão ao seu alcance,
Nem conseguia consultar direito
Tudo que esta proximidade lhe causava,
Porém estranhamente,
A distância parecia trazer mais sofrimento.
Ela desejou ter uma história bonita para contar,
Quis, assim que viu sua boca,
O maldito outro beijo,
Este mesmo que prometeu-se:
Não existir o próximo.
Tentou falar rápido alguma frase,
Qualquer coisa,
Então a disse.
Ele respondeu com intensidade e força,
Entendeu cada palavra sua,
Ela o odiou por isso.
Como ele poderia entender tão bem,
Se ela nem ao menos sabia o que dizia,
Ele estava muito ciente,
Havia uma força potente e estranha nele,
Nada de força com ela.
Não haveria outro beijo.
As palavras tropeçaram em urgência e dor,
No momento seguinte,
Já não sabia o que havia falado,
Já não tinha mais como manter a conversa.
Terminou aos soluços,
Mas conteve as lágrimas,
Apenas não haveria outro beijo,
Também lhe poupou a ternura
De um último abraço,
Como poderia?
-Não haveria outro beijo?!
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