quinta-feira, 18 de abril de 2024

Beleza

O sobrinho olhou,
Em vão,
A sobrinha olhou,
Sem emoção,
Ele atravessando a porta,
Rosto de pedra lapidada.

Feição para apaixonar,
Como noite escura,
Detalhada em estrelas,
Mistérios profundos,
E uma língua solta
E investigativa.

Língua opressiva,
Busca em meus lábios colados,
Uma abertura,
Busca dos montes quentes
Que possuo,
Torna-los domados,
Percorre-los até desmoronar,
Espalha-los
Para seu deleite.

Abrir um caminho
Por entre ambos
Para percorrer cada espaço,
Ganhar tempo
Em meu corpo,
Escorrer para dentro,
Língua felina e doce,
Que estimula,
Enrola,
Ganha,
Se estica
E aprofunda.

Remove o hábito da minha boca,
Raramente conta tudo que é capaz,
Tenta desruborecer minha cara,
Mover minhas defesas,
Domina cada hora,
Sabe onde por suas carícias,
Usar de sua fala
Para me aprisionar.
Faz-me sua.
Como se em sussurante estrada,
Margeada por meus lábios,
Pavimentada por dentes esbranquiçados
E pontiagudos
Ela disse me matar.

Não.
Não desejei feri-la,
Mesmo quando me faltou o ar,
Não quis nem mesmo o ar de volta,
Quase me enjoou respirar mesmo ar,
Sobre o gosto de doces de morango 
Em sua boca?
Eu odiei morangos,
E mais ainda a sua ideia
De que o desejaria mais que antes.

Se seus lábios estavam frios
E prestes a congelar,
Eu não dei importância,
Se sua roupa era fora de estação,
E não vencia o ar frio,
Eu não desejei te esquentar,
Mas você era lindo pra valer,
E eu nem assim quis te abraçar.

Eu sou chata,
Gosto por nada
E por menos eu fujo pra caramba,
Morro de medo da forma
Como você me olha,
O jeito como me busca.
Seu desejo me assusta.
Eu nem sei se sei me sentir atraída,
Posso contar nos dedos 
Quantas vezes quis ser beijada.
E conto com menos dificuldade 
Ou nenhuma,
Quantas vezes insesti em querer.

Desisto fácil,
Língua traiçoeira
Me quis muito,
Percorreu minha pele,
Marcou minha nuca,
Deixou gosto,
E um efeito sujeira,
Eu senti você passar
E depois disso,
Eu convivi com suas marcas.

Eu não tentei esconder
Ou quis apagar,
Mesmo ante o enjôo da comida,
Estava seu cheiro empregnado,
Mas vamos ao que interessa,
Você entra lindo e desenhado 
No ambiente onde estou,
Ganha o apelido “beleza”
Do qual não desacordo em nada,
Eu abro as pernas e lhe dou,
Faço sexo até cansar,
E no outro dia mando resposta:
“Foi bom”.

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