quinta-feira, 11 de abril de 2024

História Antiga

O dia daquele mês fatídico,
Estava com sol a pico.
Quente.
Vibrante.
De sonhos com amores constantes.
Lembro vivamente.

Estávamos prontos.
Dois destinos entrelaçados.
Uma bela moça.
Um lindo rapaz.
Gradual aceitação do inevitável.
Entregar-se ao tal amor inexplicável.

Aquele mil vezes desejado.
Em mil linhas descrito.
Agora era apenas viver.
Absoluta paz e serenidade.
Juro por minha honra
Ter ganho aquele castiçal de prata 
Nas melhores das intenções.
Treinar seu uso.
No amor não há o insignificante.
Nem os sonhos são esquecidos.

Valha-me Allah.
Está é a ocasião em que
Não se pensa no passado 
Com olhar nostálgico,
Valha-me;
Valha-me;
Valha-me.
E pensar que amores antigos 
Não tem motivação alguma
Para não serem amores presentes.
Faces são faces;
Mas sonhos não são miragens.

-Entrego meu pai em suas mãos,
Futuro esposo.
Cuida deste maior senhor,
Como fará com nossa paixão.
Da mesma maneira
Que age em relação a nosso amor.
Digo a ele,
Enquanto seguro sua mão,
Acaricio suavemente,
Quase como se não o alcançasse 
E o trago para próximo.

-Na próxima quinzena,
Seremos marido e mulher,
Serei sua apenas.
Chamara-me então de bem-querer.
Meus olhos brilham ofuscados,
Não pelo sol que queima a pele,
Mas por lágrimas surgirem
E sem querer 
Ruborescerem minha face.

-Terminará a quinzena
E estaremos juntos.
Ele estremece diante de planos.
Alega que a vida é viver o hoje,
E sonhos são para noites insones.
Alguém se aproxima da porta,
Dá-me a benção com profundo carinho.
-Esta entregue. Diz ela.
Sorrio.
-Minha mãe.
Terá, também, que protege-la.
Uma sombra toma sua face.
-O quê? Mais ela?
Ele diz em tom de brincadeira.

Eu baixo o rosto para as pernas.
Recolho da roupa alguma sujeira,
Resquícios despercebidos.
Do vento que passou para afago.
E foi para longe.
Por um instante,
Penso que nunca mais irei esquecer
Sua fronte.
O cabelo dourado parecido com uma peruca,
Com uma ternura a efeito do sol.
-Bem, você não tem a beleza do Wiliam. 

Digo no tom mais baixo
Para ser ouvido.
Tão pálido que de cor
Em seu rosto não havia vestígio.
Havia fuga naqueles olhos,
E um vento frio.
Acima de todo o calor.
-que alegria me casar!
Eu disse em tom de lembrança.
Alguém deveria recordar 
A motivação da conversa.

Tons de despedida.
-Leve-a é sua!
Ele se sobressalta de felicidade,
Tudo que deseja é ter-me.
Doce amor em sentimento de posse.
A mãe agitada pede um pouco de espera.
Tudo simples.
Efeito de golpe envenenado.
-Sua? Só se me enfrentar a facão.

Ouço um rompante desmedido 
Sair de meus lábios,
Saio aos saltos e me coloco
Para longe:
-Morte, morte.
Digo aos gritos.
Minha reação pede para que
Meu pai o mande embora.
Após muita insistência ele vai.

-Minha filha, explique o que houve.
Me indaga meu pai
Iluminado por estrelas.
-Meu pai,
Ele disse,
Logo serei o dono de todas as suas terras.
Eu o indaguei
“O quê?”
Ele repetiu
“Logo serei o dono de todas as suas terras”.
Ele ignorou que o senhor existisse pai
E ele fez mais que isso
Lhe regrediu a empregado.
Empregado do que lhe é seu?

Meu pai grisalho e adoentado 
Demora um tempo e responde:
Ora filha, todo esposo é assim.
-Nao pai.
Então, prefiro evitar o casamento.
Não posso te-lo para empregado.

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