Seu Calor

Esta registrado na palma da minha mão.

O calor da sua pele.

Não posso negar a paixão.

Nem que você esteve.

A distância de horas,

Se assemelham a uma grande distância.

Ele não erraria caso me esquecesse.

Eu cometeria meu maior erro.

Perder.

Não te-lo.

Nunca mais ver.

Não estar nem ao menos perto.

É certo eu poderia ter respeitado estímulos,

Ter me esquivado.

Preferido distanciar.

Eu poderia ter simplesmente julgado.

Eu aprendi a julgar bem.

Quando fui julgada sem oferecer prévia,

Testemunhas ou defesas…

Eu olho cada pessoa e imagino.

Olho cada canto e me vejo.

Sinto.

Eu teria escolhido um outro lugar.

Outra pessoa.

Nunca teria obtido chances.

Oferecido regalias.

Nem agora estaria em meus ataques.

Eu não o reconheceria.

Conheceria.

Nada.

Preferi oferecer meu abraço para berço,

Dar-lhe um porto.

Um lugar para ficar.

Permanecer.

Pelo tempo que quisesse.

Ele quis pouco.

Eu disse. Ótimo.

Ele pegou um outro caminho.

Eu apenas me dei continuidade.

Mais fraca e mais forte.

Sozinha e liberta.

Sonhei com as águas de sete céus,

Plantei minha terra.

Ele voltou para pastorear meu rebanho.

Eu disse. São descrentes.

Gente má e gente frívola.

Não estão aptos a entender.

E não sabem o que é limites.

Entram por um sistema eletrônico,

E não sabem sair.

Identificam-se por meio de barulhos.

E só fazem destruir.

Aqui você estará em maus bocados.

Eu na língua do soberano.

Há nisso sinais para quem tem discernimento.

Eu perdi isso a tempos.

Sou louca e desregrada.

Meu corpo dói e a mente não funciona.

Ele disse. Que linda terra!

O que você cria lhe trás retornos.

Eu olho para aquele rosto límpido,

Com uma inocência que desconheço.

E digo. É eu queria pessoas como você.

Que olham pra gente de forma direta.

Não se esquivam.

Pessoas íntegras.

Ele sorri e fica feliz.

Eu digo. Nisso perdi minha integridade.

Ele me olha.

Sim. Não acredito mais nisso.

Nem mesmo acredito em você.

Eu digo as pressas e tormentos.

Ele olha para o lado pensativo.

Não havia falado nada para eu acreditar.

Eram apenas características

E expressões específicas.

Específicas demais.

Quase perfeitas.

Eu quase via crianças correndo dele.

Aliás provenientes dele.

Tipo a partir dele eu vê-lo se infantilizando.

Algo como voltar no tempo.

E eu não queria voltar no tempo.

Reviver tudo que sofri.

Reavivar as perdas e erros.

Ele zombou do rebanho.

Se recusou a crer.

Definiu-se forte e religioso.

Eles disseram. Um combatente.

A guerra foi declarada.

Ele disse. Muito antes.

Eu estava de cabeça baixa.

Em silêncio.

Ele também ouvia-me.

Magia pura.

Eu disse levantando o rosto.

Ele disse.

Coisa boba.

Eu me assombro.

Ele não entende.

Não sofreu o encontro do lugar equidistante.

Deste tempo eu lembro bem.

E a maioria do povo o teve.

Eu tive certeza que ele não.

Então, ele não entendia.

Lembranças não irão faltar.

Mas preferia sua presença.

Abro a janela.

Colho a grama.

Reúno as estrelas.

Espero amanhecer.

Ele retira-se e volta.

Volta sempre.

Eu me sinto feliz.

Meu rebanho é cada vez mais sincero.

E evidente.

Se definem. Perversos.

Um castigo o destruiria.

Castigos são para crianças.

Os transeuntes dizem.

Eles roubaram as infâncias.

É crime!

Eu falo em voz alta.

Eles baixam suas vozes.

Faz-se murmúrios.

Eu desconheço-os.

Ele me mantém a par de suas decisões.

Eu temo por isso.

Ele decidir e buscar coisas.

Coisas que foram sempre escondidas.

Ignoradas e mantidas aos sussurros.

Ele parece pedir que falem alto.

Eu me sinto responsável.

Saí gritando. É crime.

Clamei socorro.

Encerrei com isso.

Ele não parece dar fim.

Nem os sussussuros.

Olhares perdidos.

Eu me perdi também.

Reúno forças e limpo o terreno.

Planto, colho.

O espero.

Enquanto espero amo.

Enquanto amo, amo-o.

Sairá um vitorioso.

Vários.

Eu disse políticas públicas.

Ele disse. Invisto nelas.

As vezes eu peço.

Fale alto.

Preciso te ouvir.

Mas confesso.

O quero mais para mim.

Cansei disso tudo.

Arde os ossos do meu rosto.

A pele queima.

Ardem os ossos e músculos dos meus braços.

Minhas pernas quase se perdem.

Forças quase não as tenho.

Mas amplio a limpeza e plantio.

Fica bonito.

Eu digo. Te amo.

Se vejo as coisas feitas.

Eu gosto.

Me vejo merecedora.

Parece feitiço.

Cordas e cajados se movem.

Pessoas abandonam lugares predeterminados.

Fantasmas emergem.

Não tenha medo.

Eu ouço ele falar.

Choro sem motivo.

Agradeço a comida.

Ele é mais elevado.

Eu a tímida (intimidada).

O que seguro em minha mão direita

É o calor de sua presença.