segunda-feira, 15 de abril de 2024

Te amo, Rahat

Uma grande mulher,
Vejo através de meu reflexo,
É saber me reconhecer,
Valorar está que sou.
Ele o grande homem.
Único.

Um rapaz forte,
Eu formidável,
Ele assustadoramente formidável.
Por um momento 
Tento cobrir os ouvidos.
Ignorar tudo que falam.
Mas é impossível.

Noutro momento 
Tento tampar meus lábios 
Evitar dizer tudo que quero.
Mas é difícil.
Quando o grito está muito alto.
É quase impossível não fazer eco.
Um grito,
Por muitas vezes,
Não é mais que um expressar vazio,
Que de tão pouco sentido,
Não sabe passar despercebido.
Parece exigir eco.
O grito quer ser ouvido.

Tão estranho o modo
Como ele mergulha no silêncio,
Depois retorna,
Com ideias novas.
Um quê de conhecimento.
Não consigo ignorar seu olhar fixo.
Abandona-lo apenas por ecoar.
Um homem como ele
Precisa mais do que expressões guturais 
Para ser correspondido.

Sua mão é sempre quente,
Dedos pequenos
Sempre entrelaçados aos meus.
Frágil e forte.
Me aquece por dentro.
Acolho nele meus sonhos de amor.
Como não é permitido 
Ficar parada muito tempo 
Contemplando-o.
Eu me aconchego no seu ombro.

Abraço todo o lado do seu corpo,
E sorvo seu cheiro,
Não ouço mais os ecos,
Isso não felicita,
Assusta.
O que há de arredio?
Como pode o vazio
Simplesmente se esvanecer,
O nada não se sacia por nada.

Não consigo abandonar 
Meus sentidos.
Preciso ser amada.
Necessito amar.
Mas, o silêncio absoluto 
Toma formas sinistras.
O farfalhar das folhas,
O vento nas borboletas,
Tudo isso ganha um que desmedido.

Tão delicioso os seus braços,
Tão bom ficar juntos,
Meu lindo neguinho,
Tive que pedir afastamento,
Não estávamos seguros.
Meus nervos todos doem.
O quarto vazio caiu no silêncio.
Só há ecos,
Ao redor e aqui dentro.
Inclusive em mim.
Sem retorno.
Apenas um ir.
Seguir.
Dar seguimento ao que veio.
Sem discutir.
Sem rodeios.

Parados lado a lado.
Refletidos no vidro do carro,
Parecia haver um futuro para nós,
Ou ao menos para os jovens,
Nisso eu não cabia,
Ele persistia.
Pedi-o: “vai embora”?!
Fui o máximo da frieza
Que caberia.
Eu havia há muito caído no gelo,
Não sentia nada.
Mesmo o coração não batia.
Apenas ecos.

Era a estrada da minha casa
Que se estendia.
Eu que ficava.
Era nossa casa,
Seria nossa estrada.
Ele ia e se perdia.
Nunca mais voltaria.
Noite de final de semana,
Não cabia no eco
Que ele me gostava,
Eu não recebia este retorno.

O grito surgia,
Chegava e partia.
O grito nunca pedia.
Eu gostava de expressar.
Mostrar o que chegou e iria.
Me importava em falar alto.
Limpo e claro.
Final destrutivo de julho.
Desgraça minha.
Outro eco partia.
Eu pensei ao ve-lo ir.

A estrada se estendia
E o levava.
Nunca mais voltaria.
E eu em vazios reflexivos,
Como se gritasse:
“Me veja”
“Estou aqui, agora”
E ao dizer isso,
Os ecos não retornassem
Com suas gargalhadas,
Como se a dizer:
“ E onde mais você estaria?”
O carro dele ia sem dificuldade.

Eu fiquei sozinha.
Os ecos pareciam demorar,
Identificar estratégia,
Se esvaziar,
Nem sei de quê,
Mas de algo maldito
Se preenchiam.
E eu a mercê,
Me destruíam.
Também a ele.
Talvez.
Quem sabe,
A ele também.
Eu tentei reagir,
Juntei todas as forças
Contei com as que nunca possuí.
Ele voltou comigo agora.
Enfrento muito melhor as vozes,
E agora,
Os ecos nem dizem tanto.

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