Desafiador.
Às dez horas da noite,
Chamada do namorado.
Seguido de convite.
Ela chega ao bairro do interior
Da cidade onde vive.
Entra num jardim inglês,
A oeste de Dubai,
O jardim de inverno
Estilo medieval,
Esconde flores lindas,
Que iluminado a meia luz
De lamparinas solares,
Formam um espetáculo único.
Flores brincam umas com a outra,
E colam-se as pernas dos que andam lá,
Como se a pedirem para ficar,
Molhadas de sereno parecem jurar,
Sob a luz do luar paira um altar,
Que abaixo, bastante abaixo,
De um amontoado de estrelas,
Se assemelhariam a uma cama alta,
Um convite de namorados,
Ou algo de bonito, romântico e profundo.
Qualquer um que não ame,
Não seria capaz de estar ali,
Dizem que as flores despertam alergias,
E outras urticárias a quem lhes seja inertes,
Ou insensível,
Seja como for,
Assim que ela passa o portão,
Sente falta do namorado,
E o deseja com profunda paixão,
Quase como uma necessidade,
Urgência moderada e desesperada.
O jardim se ergue elegante,
Com árvores floridas
E pedras postas juntas,
Como se fossem bancos naturais,
Um gramado florido resplandece ali sempre,
Seja dia ou noite,
Cada estação com cores e formas diversas.
Bem, logo de entrada encontra ali uma caixa,
De formas antigas e amarrada,
Cordão antigo,
Lacre desconhecido,
Ela a pega,
E seus dedos correm para abri-la,
Mas como se por desejo,
Ou urgência,
Ouve a voz do namorado,
E teme o conteúdo,
É como se fosse especial,
Mais que o beijo ou se abraço,
E isto não lhe parece verdadeiro,
O que haveria de mais importante,
Mais único ou desejado?
É como se o ouvisse dizer que é antigo,
Presente de avó,
Que foi deixado de lado,
Porque embora querido,
Nunca o foi aberto,
Apenas guardado,
Como se o conteúdo fosse do mais alto valor,
Então, vieram as mulheres,
Mãe e namorada,
Porém, a caixa permaneceu no lugar,
Quase como se fosse parte daquela entrada,
Ou se tivesse aderido a beleza.
Sempre limpa sobre a pedra,
Nunca, nunca aberta.
Os anos vergaram o corpo da mãe,
Levaram a avó,
E dificultaram a visão,
E a caixinha foi ficando,
Agora estava em suas mãos.
Quase que por instinto,
Por saber de seu amor,
Ter certeza de tudo que sentia,
Seus dedos foram seguindo o barbante,
E romperam a cera do lacre antigo,
Um anel surgiu brilhante,
Feito estrelas,
Ela virou-se seguida pelo mesmo instinto.
-Sim, eu aceito.
Simplesmente disse,
Conhecedora de que ele estava perto,
A amava e que também lhe era amado,
Ele tomou o anel entre os dedos,
Sem que ela abrisse os olhos,
O colocou,
-Nunca quis algo mais que isso.
Uma cortina de flores se abriu,
Ante o peso dos dois sobre o piso
De grama sobre pedra natural,
E abriu-se um desconhecido
E único jardim,
Cheiroso, florido e antigo.
Dava-se para enxergar seus avós ali,
Juntos,
Plantando, limpando, colhendo…
Animais brincavam,
Borboletas e pássaros,
Também coloridos vagalumes,
Dava-se para ver o nascimento do pai,
Sob a luz de luar ocre,
Suas vestes deixadas ao tempo,
E uma história que ficou, até então, guardada.
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