Tentaram ferir meu Mickey,
Meu lindo relógio de pulso,
Lá eu não era atriz,
Não fingia,
Ou tinha papel principal,
Tentava viver minha vida.
Eu nem tinha o cara errado,
Tinha o pai certo,
Tinha meus doze ou treze,
Não pensava em casamento,
Ou beijos,
Promessas ou carinhos,
Queria apenas ir para a escola,
Me formar,
Realizar o sonho da família,
De me alfabetizar.
Sim.
Eu, realmente, era jovem,
De repente,
Até mesmo,
Atrasada nos estudos,
Mas frequentava as aulas
Assiduamente,
Me esforçava para ler,
Compreender e acompanhar.
Se eu vivia violência?
Eu nem sei,
Não reconheci isto de casa,
Eu coloquei o Mickey,
Meu relógio
No pulso errado.
Eu usei ele no direito,
Não sei quem inventou
Que precisava ser no esquerdo,
Mas se você pensou em me parar
Apenas com isso,
Engana-se:
A pilha dele era forte,
E se eu quisesse eu poria bateria.
Mas caminhei,
Feri meus pés,
Queimei a pele na rua quente,
Fiz movimentos por progresso,
Restam cicatrizes
No meu pulso ferido,
Movimentos doloridos,
As vezes, inchaço.
Mas ele ainda é tão certeiro
Quanto aprendeu
Naquela época,
Tão seguro
Quanto não teria sido,
Do braço?
Foram apenas dois tiros,
No pulso
Eu já nem uso relógio.
Me movo por outros métodos,
Você achou que eu teria
Minhas horas contadas?
Não as tenho,
Sinto muito,
Eu acho que queimei seu relógio,
Enquanto você corria
Atrás de mim
Naquelas ruas quentes
Por onde eu andava.
Eu estou segura,
Mas você que me pôs lá,
Não está sendo tão feliz
Ao reconstruir meus passos.
Do Mickey comprei vestido,
Me fira no corpo
Mais que você fez?
Você não é capaz.
Posso ver seus resultados no espelho,
Uma cicatriz espalhada,
Uma dor localizada,
E você,
O que é?
Uma vagabunda escondida
Que perdeu até mesmo
O relógio
Derretendo em ruas asfaltadas
Em busca de quê?
Porra.
Hoje você está porrada!
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