Então, ele disse que me amava,
Que iria me proteger,
Cuidaria de mim,
E me daria carinho,
Eu preferi recusar,
Sem entender
Ou procurar sentidos,
Não aceitar.
Todos aceitavam
E parecia bom,
Me custou recusar,
Beirava ao insensato,
Mas fiquei de fora,
Ergui a mochila nas costas,
Fui embora.
Anos passaram,
E tudo girava certinho,
Saí para fora de casa,
Pisei na terra
Após sair do último degrau da escada.
Fui atingida no rosto,
Algo brilhante voava pelo alto,
Eu não vi,
Nem revidei.
Acertada em cheio no osso,
Logo abaixo do olho,
Quase fiquei irremediavelmente, cega,
Não bastava não ser incluída
Nas brincadeiras,
Não pertencer a uma turma,
Agora cegada.
Na verdade,
Quase.
Apenas ferida.
Olhei o que era o objeto,
Se tratava de um canudo
De chocolates em bolinhas pequenas,
Ele veio dentro de um
Preservativo masculino
Cheio de líquido,
Eu não sabia o que era,
Apenas reconheci o cheiro
De chocolates
Me embriagando as narinas.
Líquido e chocolate
A se misturar
Em minha frente,
Eu não fiz nada,
Preferi não mexer,
Apenas reconheci o bastante,
Esperma e chocolate,
Foi o que me jogaram na cara,
Mas tudo bem,
Eu fiquei distante,
E pela primeira vez,
Fiquei feliz por não estar
Em uma turma,
A turma dos libertinos
Que faziam isso.
Me escolheram para alvo,
Desde pequena
Aprendi que homem fere,
Soube me distanciar
E proteger-me,
Eu não fui aquela que abriu,
Que desejou o chocolate,
Enfim,
Não lhe resistiu.
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