quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Escolinha Primaria

Bem,
Meu cu foi a pica!
Foi a rasuras
No dia
Em que eu voltava da escola,
Magra pela escassez,
Mochila pesada nas costas.

Ele era coleguinha de aula,
Gordo e forte,
Daria, ao menos,
Uns três de mim menina.

Ele foi falso e traiçoeiro,
Ou ao menos se assemelhou,
Ele chegou por trás,
Na saída da aula,
Quando eu me dirigia
A passos compridos
Para casa,
Ele arrancou a mochila
Da minhas costas,
Ou jogou-a para o lado,
Puxando com muita força.

Eu não soube,
Senti dor prepotente na coluna,
Ombros e cabeça,
Ele colou seu corpo no meu,
E passou seu braço esquerdo
Em meu pescoço,
Depois apertou meu rosto
Contra seu ombro,
De maneira forte
E dolorida.

Depois eu o acotovelei,
Ele gritou,
E desceu sua mão a minha perna,
Meu irmão era menino,
Estava perto,
Eu precisava disfarçar,
Protege-lo
E lhe dar segurança.

Ele desceu sua mão por meu corpo
Rasgando minha pele,
Arranhando minha roupa,
Depois tentou descolar
Meus músculos,
Mover minha perna do lugar,
Eu não sabia onde
Ou como batia,
Eu não aprendi a brigar,
Era menina pequena,
Oito anos.

Bati meu cotovelo direito
Contra seu peito,
Ele afastou-se,
Pareceu tonto,
Jogou um soco contra meu rosto
No lago esquerdo,
Eu tonteei,
Voltei e joguei o corpo
Com a mão fechada contra o
Rosto dele,
Ele caiu sentado,
Mochila nas costas.

Meu irmão tentou enforca-lo
Com a mochila
E o braço de um menino
De seis anos,
Eu o vi matar meu irmão,
Então, em espasmos de dor,
Medo e terror,
Eu endureci o braço
E corri contra o rosto dele,
Ele caiu
Com único golpe.

Meus dedos nunca mais foram
Os mesmos,
Nem meu braço,
Meu corpo ou cabeça,
Eu tentei arrancar sua pele,
Pisotear ele,
Arrancar seu nariz
Com minha mão
Para que ele não respirasse...

Num intervalo curto de tempo,
Eu tentei tudo que ele
Me fez até aquele dia,
E eu, em busca de conhecimento,
Educação escolar,
Ignorei,
Fingi não ver,
Enfim, sobrevivi.

Por única vez,
Eu tentei o que pude,
E não corri,
Meu irmão foi forte,
Correu o máximo
Que suas pernas puderam.

Ele se moveu,
Me alcançou no meio da estrada,
Usou a força de seus dois braços
Para jogar-me na lama,
Pegou meu cabelo,
Chacoalhou meu rosto
Em água suja,
Bateu contra as pedras
E terra firme,
Pisoteou.

Eu levantei,
Com boca suja de lama
E sujeira,
Dei um soco com o braço
Direito no chão
E levantei,
O amigo dele pegou minha mochila
Da minhas costas
Me jogou de volta contra a poça.

Eu abri a mão
E encostei a mão aberta na cara dele,
E apertei ela com toda força,
Depois chacoalhou ela,
Sem soltar,
Depois dei um tapa,
Com meu pé sobre o dele
Para que ele não fugisse,
Senti o osso do meu braço
Se deslocar do lugar
Contra a cara dele,
Depois cheguei perto,
Muito próxima
E soltei minha cara
Que ainda não doía tanto
Contra o raiz dele
E fiquei com cicatriz ali.

Então, corri
Alcancei o outro
E pulei com meus dois pés
Contra as panturrilhas dele,
Ele gritou e caiu,
Eu sentei nas costas dele
Tentei morder
E vi que não tinha forças
Porquê eu não o feria,
Então, soltei meu braço de todas as formas
Contra a cabeça dele,
Os ombros e coluna.

Aí outro,
O irmão daquele
Que ficou para trás
Juntou um tronco
E partiu contra eu,
Sobre minha cabeça,
Quando ele chegou
Eu usei sua força contra ele,
Ele tinha uns dez anos,
E soltei meu pé contra sua cara,
Ele caiu na valeta,
Eu soltei último soco
Na coluna daquele primeiro
E o deixei imóvel na estrada.

Eu tenho,
Senti dor,
Minha família ficou com medo,
Sofreu represálias,
Eu continuei a estudar,
Mas meu corpo
Não pode ser como o das outras meninas,
Hoje, linda e perfeita
Eu conto a história sem chorar.

Escrevo com dificuldade e dor,
Quando menstruo,
Cada músculo dói,
Meu marido me respeita,
Ama e cuida.
Aqueles malditos tardaram comer terra,
Eu tive medo de falar,
A polícia não quis se importar,
Meu corpo é disforme.

Mas o pênis dele
Não se meteu em mim,
E levou soco em cheio,
Coice colocado,
Eu aprendi com ele
A sentir ódio e nojo.

Com meu marido
Estou aprendendo a confiar,
Amar e enxergar.
Sim.
A terra contra minha boca
Cortou meus lábios,
Deixou marca,
A terra contra meus olhos
Me deixou cega.
A terra contra minha pele
A fez descascar feito cobra.
A terra contra meu rosto
Me tornou imune a demônios.

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