Se você soubesse
Quanta dor sinto no bumbum,
Jogada em posição de estar sentada
Nesta estrada cheia de pedras
E pó de terra,
De repente, você me indagasse
Que motivação me fez vir para cá,
Eu tentaria explicar,
Achando que tive escolha.
Mas,
Ao arrancar o décimo
Fiapo de madeira
Grudado ao meu cabelo
Embaraçado
E tentar buscar um mato
Forte o bastante para amara-lo
E fazer com que
Pare de cair no meu rosto
E doer tanto,
E ficar grudado em suor,
Lágrimas, dor e vergonha
No meu rosto,
Eu penso que não.
Eu não tive escolha alguma.
Quatro homens me cercaram,
Falaram coisas estranhas,
Eu tive vergonha,
Não quis correr
Com toda a força que tinha,
Pensei que reconhecia
O local onde eu estava,
Que se ocorresse algo errado,
O que nunca iria acontecer,
Alguém me socorreria.
Foi com estar certeza que andei,
Tentei cumprimentar
E ninguém deu atenção,
Me diz de forte,
Caminhei mais rápido,
E de repente,
Haviam pessoas lá atrás,
Não muito distante,
E também, a minha frente
Não muito perto.
Então, um alguém me pegou nos braços
E jogou no mato
A beira da estrada,
Eu me achava bonita,
Me achava querida,
Nunca me vi como um estorvo
Ou algo sem importância,
Um objeto válido
Por tempo necessário,
Aquele idiota me viu desta forma,
Me jogou lá.
Outros quatro,
Ou ele também,
Eu preferi acreditar
Que ele não estava,
Bem, estes quatro,
Não tiveram medo de cobras,
De ser aranhado,
Se ferir ou qualquer coisa,
Eu tive todos estes medos
E vergonha,
Isto me impediu de ser rápida
E correr,
Aí fiquei lá deitada
Juntando as dores,
Me separando da sujeira toda,
E eles me juntaram,
Me jogaram de todos os lados,
Arrancaram minha roupa,
Bateram em meu rosto,
Me violentaram.
O tanto quanto quiseram,
Gemeram,
Gargalharam,
Se divertiram.
Depois, me abandonaram.
Então, eu tive forças
Para me levantar,
Sair daquele lugar,
E cair na beira da estrada
Rasgada, suja, ferida,
Feia, fragilizada e com pouca roupa.
Sujeitos violentos
Não possuem piedade,
Eles divertem-se
Com nossos corpos e formas,
Não importa a eles
O que você sente,
Não existe outra vontade
Exceto a deles.
Eu me vejo no espelho
E me enxergo perfeita,
Mas eu sei destes sujeitos,
Estes que não vêem
Em meu corpo
Nada além do prazer
Que eles sentem.
Não importam os ossos quebrados,
Meu olhar de repulsa,
A súplica por ficar viva,
A rejeição estampada na cara,
Na verdade nada os importa,
São seus prazeres.
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