Ela ganhou porra na garganta,
Menina, criança,
Não tinha sete anos,
Não sabia o que seria,
Mas conheceu o gosto.
Ela tinha chocolates,
Já elegeu um favorito,
Tinha os que queria,
Um dia, decidiu dividir
Com os amigos.
Encontrou um meio,
Falar ao seu ouvido,
Sem ser vista ou identificada,
Apenas ser correspondida:
O resultado?
Um tiro em seu rosto,
Bem localizado:
No seu olho,
Em sua garganta.
-Toma aí vai porra!
A outra ouviu por alto,
Correu até o chão,
Ver o que era,
Sem entender de imediato.
Uma cueca com porra,
Lambuzada de chocolate,
Pum, na sua cara.
Ela estava molhada,
O tiro foi intenso,
Fraturou um osso,
Não chegou de imediato,
Cueca, porra e chocolate.
Ele gritou:
- coma!
A garota correu,
Correu o máximo que pode,
Ele era parente,
Um primo,
Vizinho,
Conhecia os hábitos,
Acompanhava a família.
A outra garota,
A da porra ainda criança,
Está apenas os odiava,
E a todos.
Infância roubada,
Tirada a força,
Enlameada em doce,
Liquidada de fugas,
Sexo jogado na cara,
A família se esvaindo
No prazer de não ter juízo.
Um remédio controlado,
Um orgasmo desregrado.
Visitas periódicas,
A menina que se recusou a ser moça.
Um homem odiado.
Uma criança cheia de porra a solta.
Um chocolate expresso,
Café forte e intenso,
Agora em cada rosto que olho,
Eu pareço vê-lo,
Aquele que de tão próximo
Tornou-se pesadelo.
Mas e aquela?
A voz que ouço
E não reconheço,
Aquela que o apoia,
Ampara o choro que soluço,
Vai-se o hematoma,
Mas não esqueço o trauma.
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