Sento-me no gramado,
Colho uma flor dele,
E junto de uma a uma
As suas sementes.
São muitas para algo
Tão singelo.
Vejo-as soltas em minha mão,
Depois as jogo na água do rio,
De uma a uma,
Então, contemplou o rio
De águas verdes escurecidas
Que parece nem seguir um rumo.
Penso se suas águas estão paradas,
Contudo, vejo uma madeira seca
Sobre elas,
E nele borboletas sentadas
De asas abertas,
E percebo que não,
Suas águas correm.
Seguem para longe,
Muito distante,
Desatam-se num mar
De águas salgadas
De não sei onde,
Vão -se.
Lindas águas
Onde tudo que cai,
Afunda-se
Até perder-se no escuro,
Imagino se o dia
Como a noite
Entregam-se a estás águas
E me são, na vivência,
Da mesma forma.
De aparência calma,
Onde nada parece acontecer,
E muito acontece,
No entanto,
Segue para longe
Fora do alcance,
Para não sei onde.
Ou o contrário,
Se ao ficar perto
Ainda assim,
Perdem-se,
E caem num obscuro
Onde afundam e afundam,
Até meus olhos
Não poderem ver,
Onde eu não possa alcançar,
E não tenha nisto
Nenhum controle.
As sementes parecem afundar,
Mas preferem a superfície,
Rodam e rodam sem parar,
Mas preferem a margem,
Param e contemplam algo,
Quando me disperso,
Foram-se elas para além do olhar.
Imagino se irão
Se aderir as margens,
Constituírem novas flores,
Brotar em novo gramado,
Ou se o sol será tão forte,
Que mesmo abrigada a água
Elas sequem e sucumbam
Sem afundar,
Assim, nada serão.
Tudo isto está fora do meu saber,
Porquê o rio que corre fraco,
Ele anda, anda sem parar,
Me deixa a imaginar,
Se nestas suas águas,
Como em minha vida,
Noite e dia são mesma coisa,
Caem no obscuro desconhecido,
Ou se não caem,
Esvaem-se para onde
Eu não possa saber.
Repouso meu dedo na água,
Penso se algum dia
Eu serei feito estas sementes,
Ou se diferente disto,
Eu inteira seja,
Nestas águas,
Matéria distinta de milhares
De sementes.
Ainda assim,
Não saberia até onde seria capaz de ir,
Se para longe,
Muito longe
Ou se para não tão distante assim.
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