sábado, 18 de janeiro de 2025

Dor Triste

É triste contemplar
Lágrimas no rosto dos pais,
Olhar para a mãe,
É tentar buscar você em seu colo,
Buscar o rosto do pai,
É querer encontrar seu conforto.

Quando você mesmo sofre,
Entende que tem muita idade
A frente,
E que a dor cessa com o tempo,
O problema é quando não há tempo.

A dor logo se vê abatida
Ao verter-se em lágrimas
O coração tem seus meios
De alívio,
Buscar a pipoca quentinha da mãe,
O filme no sofá ao seu lado,
A história sobre o trabalho do papai,
Seu abraço protetor,
Produzem conforto,
Saciedade para toda dor.

Mas a dor que aflige os pais,
Está dor é muito traiçoeira
E fere muito mais que qualquer uma.
É triste sentir lágrimas quentes
Verter-se sobre seus cabelos
Em um abraço que busca conforto,
Que deseja amparo,
E você nunca teve outro lugar
Para encontrar tais saciedades da alma.

Mas a juventude ampara
Por si mesma,
Ela tem o relógio a seu favor,
O tempo que constrói feridas
Parece fazer cicatrizar por si mesmo.

Mas seus pais não possuem
Isto a seu favor,
Eles encontraram um ao outro,
E colocaram em você suas expectativas,
Eles vêem em você coisas evidentes.

As feridas no coração dos velhos pais,
Encontram naquele lugar
Muitas dores,
E ficam ali,
Até que deixem de pulsar,
O vigor da juventude saiu dali
Há tempos suficientes.

Se eles caem,
Você cai,
É horrível.

Fica pra sempre.
Senti-los tremer de dor,
Vê-los buscar amparo
Em você,
Isto é um passo para uma dor
Que ninguém merece sentir,
É a desgraça além da vida.

O desconforto de usar um sapato apertado
Num pé calejado,
E ser obrigado a sempre dar novo passo,
E nunca conseguir chegar a lugar algum,
Mas ser obrigado a ir.

Ver sua pele saltar para fora,
Arder até lá no fundo da alma,
E simplesmente ter de seguir.
É o ápice da dor.
O choro deles é pior que o sapato,
Compactuando com a calça apertada,
Te produzindo assadura.

Prendedor apertado
Arrancando os cabelos
E sendo obrigado a estar ali,
Para que eles não estejam soltos
Naquele calor desértico do Saara,
Escorrendo suor na sua camisa
Branca transparente,
Para deixa-la colada ao seu corpo
E vulgarizar as suas vestes,
De sapato apertado,
Calça colada,
Prendedor de cabelos bonitos,
Camisa combinando.

E cinto apertado na cintura
Para prender sua calça justa
Que cai o cós,
Desprende o botão,
Abre o zíper sozinha,
Enfim, tem vontade própria.

Então, marca sua pele,
Fere e corta a cintura,
Depois tem os botões da camisa,
Que decidem pular as casinhas,
Saltar para fora
E te expor ao ridículo,
Exceto isto,
Eles decidem apertar sua pele,
E o botão raspa contra seu peito
Para produzir cicatriz,

O punho acaba sujando sozinho,
Prejudicando seu cumprimento,
Aperta-se e marca,
Perde um botão ou outro,
Comprime suas veias,
E suor respinga,
Por todo o canto,
Porém, não escorre ainda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...