Ao sul o sol se põe,
Por entre as árvores
Como se estivesse
A tocar a primavera rosa
Que subiu a bergamoteira,
E desceu sobre sua copa.
De dentro da casa de madeira,
Ainda com as janelas abertas,
Ouve-se o estalo da lenha
A ser cortada lá fora,
Os gravetos são trazidos para dentro
E começa-se a acender o fogo
No fogão a lenha marrom.
O lampião é puxado da prateleira,
Trazido para perto para acender
A chama e manter a casa iluminada,
As janelas são fechadas
E a tramela é habilmente puxada.
O pai entra para dentro de casa,
Deixando os chinelos no início da escada,
Solta a lenha na caixa de madeira
Para lenhas,
Puxa uma ou duas toras
E coloca no fogo
Mexendo suas brasas
E soprando para atiça-las.
A mãe chega com o leite morno,
O balde cheio retirado da vaquinha,
Coa ele e o coloca sobre o fogão
Em panelas distintas,
Um para o uso de alimento imediato,
O outro para o queijo de toda manhã,
Unido a segunda vez que é tirado o leite.
O sol se põe,
As galinhas ganham milho,
Sobem na bergamoteira,
E estão prontas para dormir,
O cachorro deita ao lado da escada.
A cadeira de madeira é puxada
Para frente do fogo,
A família se reúne
Sentados nas cadeiras
E na caixa de lenha,
Este que senta-se ali
Se encarrega de manter o brasido
Do fogo aceso.
O pai põe farinha de milho
Numa panela,
Coloca um pouco de água
E a coloca para torrar no fogo
Para ser consumida com leite,
O pão é cortado sobre a toalha,
Que é colocada num lado
Do fogão,
Junta-se a manteiga e a nata,
Faz-se café,
Acende-se o lampião.
A porta é tramelada,
Os ovos estalam na frigideira,
O café é feito no bule,
A farinha fica pronta
E mistura-se ao leite.
O trabalho do dia é comentado,
O trabalho do amanhã é planejado,
As estrelas ficam nítidas,
E o lampião trepida sua chama.
Uma telha demonstra estar trincada,
Há goteira na casa.
A lua se fez cheia,
Uma sacola de plástico é pega,
Dobrada e colocada na telha,
Organiza-se até estar concertado.
A lua é percebida por entre as frestas,
O ar fresco invade os cômodos,
Respirar é simples e caloroso.
Pisa-se no assoalho,
A madeira range,
Não há forração no teto,
Apenas as telhas e a lua.
Na casa onde nasci é assim
E aí?
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