Desolada,
Desesperada,
Incerta de um futuro,
Suas apostas e objetivos
Se encerraram naquele ponto.
Não havia previsão de melhoria.
Expectativas zeradas.
Ruína e incertezas.
Erros e injustificativas.
Ela abriu a porta da casa da mãe,
Sentiu cheiro de pão,
Se aproximou sem falar nada,
Abriu a cortina que dividia a sala
Da cozinha,
Entrou e sentou-se na cadeira
De madeira simples.
Sentiu dores nas ficou ali,
A mãe abriu o forno
E certificou-se de que o pão
Estava quase pronto,
Cresceu o suficiente
E a receita era ótima.
Então, voltou-se
E a viu.
A filha sentada a mesa,
Parecia uma menina,
Seu coração pulou de felicidade,
Ela correu até a geladeira
Pegou leite gelado
E ofereceu-a:
“Aceite, como nos velhos tempos”.
Você gostava de leite
Com pão quentinho,
Espere poucos minutos
E o pão estará pronto.
A moça segurou a xícara
Com as duas mãos,
Tomou o leite como se fosse
A mais deliciosa cerveja,
Relaxou na cadeira
Como se estivesse no mais
Requintado lugar.
O cheiro invadiu suas narinas,
Fez roncar a barriga.
Finalmente ela comeria bem,
Comeria o bastante,
Comida farta e simples,
Quis chorar pensando em seus
Momentos de pura festa
E aparentes regalias,
Ali protegida de tudo,
Havia comida,
Havia a mãe,
E tudo como ela desejava.
Não se rejeitou por desejar algo diferente,
Não se repudiou por todos os erros,
Pois logo o pão quente estava pronto,
A nata sobre o pão se derretia,
Escorria pelos contornos,
Ela jogou açúcar
E tomou com leite fresco.
A vida estava completa,
Retirou os saltos,
A maquiagem e a roupa cara,
Satisfez suas vontades
Por comida boa,
Companhia de quem se gosta,
E lugar onde seja desejada.
Abraçou a mãe apertado,
Comeu meio pão quente,
Andou descalça,
Desistiu de desistir,
Mudou seus planos,
Pegou o pano de chão
Limpou o soalho,
Ligou a televisão e jogou-se no sofá,
A vida cobra caro
Por tudo que a mãe dá.
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