quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Amigo Idiota

Ele chegou ao quarto de dormir,
Juntou o retrato de forma possessiva,
Trouxe para perto de si,
Passou os dedos como se a tocasse,
Parecia sentir,
Beijar-lhe a boca.

O amigo vira a cara,
Tem vontade de tomar a fotografia
Parti-la em mil partes,
Se arrepende amargamente
Do dia em que pousou para ela,
Abraçado a doce mulher
Que por pouco tempo foi sua,
E parecia não sair de sua mente
Nem que mil anos passassem.

Nisto o retrato caiu no chão,
A moldura rasgou-se,
A moldura que ela fez com suas próprias mãos,
Num momento de euforia e arte,
Ela recortou suas vestes
Que vestiu naquele dia,
Fez a moldura e o presenteou
Para lembrança,
Do amor que viveu intenso
Mas que nada mais resta.

Então, ele olhou nos olhos
Do amigo a quem sempre
Confiou toda admiração e carinho,
E sentiu ódio
Do brilho no olhar
Que viu nos olhos dele,
Sentiu vontade de esbofeteá-lo
Na face.

Esmurra-lo para fora de seu quarto.
Com isto,
Se agachou e pegou o retrato,
Jogou na cômoda
Em que estava
Como se nunca tivesse
Contido nele algum sentimento.

Saiu do quarto de dormir,
Foi para o de se vestir,
Remexeu suas roupas,
Jogou muitas no chão,
E entrou no quarto
De recebê-la.

Pensou em seu rosto,
No cheiro que ainda estava na cama,
Quase a via ali com ele,
Fechou a porta com força,
Recostou-se nela,
Com um ímpeto de coragem
Saiu dali,
Voltou para onde o amigo estava:
- então, amigo. Saia daqui.

Você se aproveitou de tudo que senti,
Nem bem ela foi embora,
E você a quer para si.
Você não presta!

Ele falou para o outro,
O retirou do cômodo
Com o afeto que sempre teve,
Dando-lhe tapas no ombro,
Então, virou-se:

- prensando bem,
Saia da minha vida.
Com isto, abriu a porta da casa,
E o pôs na rua.

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