domingo, 16 de fevereiro de 2025

Leitura Nova

Conforme costume,
Ela acordou,
Organizou o quarto,
Abriu a janela para o dia,
Ligou o rádio,
Foi para a cozinha.

Em meio a manhã,
Colheu laranjas no quintal,
Juntou ovos no galinheiro,
Olhou os pintinhos comer ração,
Retornou e fez um bolo.

Cortou todo em pequenos pedaços,
Recheou e guardou em um potinho.
Levou ao colégio,
Onde repartiu com a turma,
E encheu a barriga,
Vários colegas
Trouxeram comida,
Todo mundo comeu junto
E foi divertido.

Escolheu um livro diferente
Para leitura,
Adorou cada linha,
Se sentiu tão imersa
Que não conseguiu parar de ler,
Isto atrapalhou a aula,
Mas não tanto
Quanto a saída da sala.

Com mochila no braço,
Livro na mão,
Olhos nas linhas,
Saiu pela porta
E deparou-se com o colega
Da sala ao lado,
Caiu atordoada sobre ele,
Deu de encontro
De maneira estrondosa,
O chicle dele
Colou na boca dela,
E isto soou ridículo.

Depois estourou
No rosto de ambos,
Não podia piorar,
Ela tentou se desvencilhar
Tropeçou no tênis dele,
E mergulhou
Escada abaixo.
- garota, fecha o livro.

Esquece esta página,
Ela deve conter maldição.
Ele falou
Tomando o livro com uma mão,
Segurando ela com outra,
O cabelo dela colou no zíper dele,
Na jaqueta toda
Devido ao chicle,
Então, ao tentar andar embasbacada,
Ela teve os cabelos puxados:

- aí, Allah.
Que dor,
Meus cabelos estão sendo arrancados!
O garoto se voltou rápido,
Juntou uma tesoura
No bolso da mochila
E foram obrigados
A recortar o cabelo,
Não pioraria,
Se a mochila dela
Não tivesse grudado os grude
De abrir e fechar na dele,
E ao sair ele a puxou
Para o chão de volta
Com mochila e bunda no piso.

-ai, ai, ai Caraaaa.
Que dor!
O garoto voltou-se
E deu um sacolejo nela.
- garota, Allah.
Você está toda presa em mim.

Ele disse ajudando-a
A levantar-se do chão.
- imagina,
São seus olhos.
Ele pôs a mão na boca
Embasbacado
E foi andando de costas,
Mantendo o olhar nela,
Parece que ficou amedrontado.

Recapitulando a conversa
Pela milésima vez,
E ela nunca se sentiu mais burra
Por ter dado resposta
Tão idiota.
De tanto ler,
Em nada conseguiu convencer.

Lembrou, lá pelo final da tarde,
Enquanto desenhava um jardim
Para o palco do ACDC que estava voando
Na parede do quarto
De giz colorido
Que esqueceu o livro
Com o garoto.

Pronto,
Agora no outro dia
Teria um encontro forçado,
Ou seria obrigada a esquecer a leitura
Sem chegar ao fim,
E isto parecia mais idiota
Que uma frase burra...

Borboletas e borboletas
Invadiram o palco da banda,
E o estômago envergonhado
Da garota Puriel.

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