O cara era um estranho,
Eu sentia medo,
Sem razão,
Mas o coração apertava
E eu sentia que algo estava errado.
O rapaz tinha feridas na boca,
E me pediu um beijo,
Eu pensei: “uau, deve ser legal”.
E não sei até hoje
Por quê pensei desta forma,
Mas fui e cedi o tal beijo na boca.
Era febre entre a moçada,
Beijar e ter um cara,
Isto é que era divertido,
O mais era passado enterrado.
Eu saí limpando a boca,
Que bom,
Sou modinha,
Agora eu sou boa garota,
Mais meninas serão minhas amigas,
Vai ser muito bom.
Não foi.
As feridas eram doença,
Seriam o quê?
Sei lá,
Eu não pensei,
Eu só quis ser boa garota.
Aí,
Passou os anos,
A doença ficou,
O cara eu nunca mais vi,
As amigas não aumentaram,
O contrário,
Não gostaram de eu ser a doentinha,
Não bastava ser a reclusa,
Agora portava uma doença
Notória e grudada na boca.
Ótimo.
Preferi me esforçar,
Ser boa filha,
Melhor amiga,
E tive que falar bem,
Me expressar ainda melhor,
E que droga
Lá vinham as feridas na boca,
Eu com a mão na frente
E as palavras por trás,
Droga de vida.
Fugi disso,
Não quis falar no assunto,
Senti medo,
Mas segui.
Então, o garoto chegou e disse:
“ sabe por que eu te passei
Aquela doença das feridas?”
Eu pensei,
Caramba, como eu iria saber,
Meu Deus, por quê?
E fiquei quieta.
Ele respondeu que eu tinha
Um pé de pitanga,
E ele queria,
Eu me recusei a ofertar,
Ele não conseguiu levar,
Era uma árvore.
Mais tarde, porém,
Nos dias de hoje,
Ele chega e diz:
“corta o pé de pitanga”
Eu fico boquiaberta,
Entendo menos o assunto.
“agora você está com um rapaz,
Isto é pior que me negar
O que lhe pertence,
A pitanga, você e o que mais eu quiser”.
Caramba,
Negar a ele o que nos pertencia
Foi risco de vida,
Encontrar alguém que me ama
É morte garantida.
Droga de vida,
Eu disse,
E removi a mão da boca,
Peguei alho exprimi os dentes dele
E coloquei sobre a boca,
Depois tomei alho puro
Por algum tempo,
Estou melhor dos lábios,
Mas quanto ao psicológico
Eu me encontro abalada.
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