sábado, 1 de março de 2025

A Folhinha

Já com seus mesinhos,
Bruçane decidiu passear
Por entre o gramado
Da chácara.

Lá estava ela,
De passo a passo
Sobre a grama um pouco
Menor que ela,
Quando de repente,
Avistou algo.

Imaginativa o tanto que é,
Para ela uma caixinha de papelão
Virava um lindo castelo
Com suas torres
Para ela percorrer
E esconder-se por entre suas aberturas.

Nisto uma pequena folha seca
Que caiu da bergamoteira
Pouco a sua frente,
Tornou-se o mais incrível pássaro
De asas imponentes
E força descomunal.

Escondeu-se em meio
Ao gramado
De maneira que sumiu.
Bruçano logo encontrou-a
E de um salto pôs-se a seu lado.

Rindo,
Abraçando ela,
E rolando no gramado.
Mas, a folha porém,
Decidiu mover-se,
Elevou-se apenas um pouco
Do solo de terra marrom avermelhada.

Plainou no ar,
Fez movimentos inacreditáveis,
Rodopiou como se tivesse
As mais lindas asas,
Voou como se suas penas
Brilhassem contra o céu azul,
Desceu até a terra 
Como se fosse lhes carregar
No seu incrível voo perfeito.

Os dois puseram-se 
De patas dianteiras
Recostada no chão,
E patas traseiras levemente
Erguidas.

Ergueram o rabinho para o ar,
E dobraram até suas costas,
Eriçaram seus pelos,
Mantendo a cabeça 
No chão,
Totalmente escondida na grama.

De um único salto
Voaram sobre a folha,
Entre tapas e mordidas.
- toma, seu furacão danado!

Miou Bruçane.
- Larga este lindo pássaro,
Terremoto indefinível!
Miou esganiçado Bruçano.

Ambos caindo sobre a folha,
Debatendo-se sobre ela,
Rolando abraçados no chão
Com torrões e pequenas terras
Grudadas em seu pelo.

O vento levitou a folha,
Roubando por completo
De suas mãos,
Elevou ela sobre suas cabeças,
Esfregou ela em Bruçane.

Bruçano desatou a rir.
Ergueu suas mãozinhas
No alto,
Deitou-se de costas,
Com a barriga a ronronar
Para o alto.

Mas, o vento ousado
Nada quis desistir,
Então, tomou-lhes a folha
E elevou ela tão alto
Que ficou acima,
Muito acima do gramado.

Mas Bruçano não desistiu,
Miou como um guerreiro
E pulou ainda mais alto,
Caindo feito uma esfinge no solo,
Sem ferir-se,
Com suas quatros patas
Agachadinhas,
E embaixo da primeira pata,
A esquerda,
Ficou a folhinha.

Ao vento não sobrou opção
Exceto desistir da folha,
Bruçane se sentiu vitoriosa,
Foi até o gatinho
Dando mil pequenos pulinhos
Todos acima do gramado,
Chegou no gatinho
E juntou sua patinha
Direita sobre a folhinha,
Unindo suas forças
Para mantê-la.

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