quinta-feira, 20 de março de 2025

Chuaib

Meu namorado disse-me
“Será eterno”.
Nós entregamos a está promessa,
Proveio disto uma menina.

Em nove meses,
Tempo o bastante
Para ele partir para longe,
Restou a saudade,
E o lindo olhar da menina.
Me encarreguei de ama-la,
Dar-lhe abrigo e carinho,
Em seus primeiros passos,
Eu me vi bebê caindo,
Meu pai me segurando em seu colo,
Me mantendo,
Se aproveitando de minha inocência,
Para tocar minhas intimidades.

No seu primeiro sorriso,
Eu vi meu medo
Quando acordei assustada
Com meu pai acariciando
Seu pênis fedorento ao meu lado.
Na sua primeira palavra,
Eu o vi me chamar para gozar,
Gozar com ele
No quarto dele e de minha mãe.

Na primeira vez em que
Tomou do leite do meu seio
Eu o gostar do meu peido,
E admirar meu bumbum,
Até me virar de costas
E inserir seu pênis em mim.

Em sua primeira vez
Que abriu a porta de casa,
Eu vi meus vizinhos,
Então, saí das lembranças,
E a abracei,
Mantendo ela comigo.

Preferi seguir Chuaib,
E abandonar as adorações
Do meu pai,
E abandonar as posses
Que mantinham minha mãe
Presa aquele lar.

Se eu tivesse comida,
Ela teria mais,
Se eu não tivesse,
Eu conseguiria para ela,
E não haveria nisto
Um custo.

Eu não veria mal algum
Em mendigar,
Pedir ajuda,
Ou fazer o que fosse preciso pôr ela,
Mas eu abandonaria
Por completo meu passado,
E jamais permitiria
Isto a ela.

Ela fez quatro anos,
Soou no povo um grito,
Tão agudo, aterrador
E profundo
Que soou feito um soco
Em cada casa.

Não houve casa
Que a porta não se abriu,
Ou janela capaz de manter-se
Fechada.
O grito o abriu.

Tocou no ouvido de cada um,
Não feriu.
O soco passou,
Percorreu cada cômodo,
Cada olhar,
Fez o surdo ouvir,
O cego acreditar.

E fez todo estuprador chorar,
E foi se tornando mais intenso
E muito mais alto,
Deixou o estuprador atordoado,
Eles começaram a se jogar
De suas janelas,
Fugirem por suas portas,
Eram homens, mulheres
E crianças.

E o grito não cessou,
O povo não parou de chorar,
Correram feito loucos para se prostrar,
Eu ergui minha filha
Aos céus e rezei o Alcorão.

Mas o barulho não parou,
Então, do mais terrível
Para o menor,
Todos levantaram-se
E se jogaram na fogueira,
Com muito choro,
Muita lágrimas,
E nenhuma foi suficiente
Para fazê-los deixar de queimar.

O grito não me feriu
De nenhum modo,
Eu nunca senti medo.
Me agachei,
Soltei minha filha em pé
No assoalho de areia,
Toquei seu rosto e chorei.
Abracei ela forte em meus braços,
Ela estava segura.

Lágrimas e gemidos
Se levantavam daquela fogueira,
Sem nunca ter fim,
Mas seus rostos eram todos iguais,
Só via-se o fogo queimar,
Ouvia-se os gemidos agoniados,
E o chiado de lágrimas cair
Sem apagar.

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