sábado, 29 de março de 2025

Gigi

Passei na floricultura,
Comprei um enorme buquê,
Me escondi atrás daquelas
Rosas vermelhas,
E procurei minha garota.
Marquei o encontro,
Esperei no carro
Estacionado próximo a calçada,
Flores em mãos,
E ela me chamou de lerdo,
Acelerou e foi embora.

Voltei aos estudos,
E não desisti de ser romântico,
Pensei em escrever uma carta,
Mas na minha cabeça
Só vinha o conteúdo pra prova,
E nem posso considerar
Que surgiu tão bem.

Agora as flores estão
Murchando no vaso
Com água,
Mas, eu não sinto
Que ela me julgue tão lerdo.
Sei lá,
Pareceu tão certo fazer isto.

O fato é que,
Pode ser que ela não preste.
Não queira mesmo nada sério,
O cigarro aceso lá no carro,
Queimando no cinzeiro
Me diz isso.

Sabe de algo,
Nunca mais cruzo nem
Naquela rua,
Vou juntar estas flores
E vou jogar na lixeira,
Não há o que pensar
Ou perder o sono.

Ela não é prova pra eu
Me interessar tanto.
A droga,
É que o cheiro dela
Invade minha sala,
Ela parece estar perto,
Eu já estremeço,
Imagina se ela entra pela porta,
Eu já a amo,
Eu sei,
Eu não resisto.

Eu sou fraco por ela,
Ela é como aquele conteúdo
Idiota,
O mesmo que cai todinho
Na prova
Feita para o seu zero.

Eu cansei de tudo
Junto o buquê,
Faço uma fita ao redor
Para fingir que ganhei de alguém,
Chego lá fora,
E ela não está,
Então de onde veio o cheiro?

Entro no carro,
Desisto de pôr tudo na lixeira,
E a busco.
Nem sei que horas são,
E pouco importa a hora.

Olho lá a distância,
Um barzinho aberto,
Minha garota,
E outro cara.
Caramba, de shortinho
Curtinho, dançando na cara dele,
Sobre a mesa.

Eu estagno,
Paro o carro bem em frente,
- caramba,
Que vagina na cara!
Eu digo,
E o buquê me ouve bem.

O rapaz pega uma cerveja,
Eleva lá no alto,
Eu digo:
- porra, isto até parece
Meu pênis.
E o cara desliza
Aquela cerveja lá do alto
No próprio copo,
Consome num só gole.

- que porra toda?
Eu acho que digo pra ela,
Ela tem certeza que
Não me ouve.
Depois vira de costas,
Quica aquela bunda,
Eu implorei que ao menos peide.

Cara, como ele aguenta?
Não a ama.
Choro feito o dia
Em que meu cachorro foi roubado,
Ligo o carro,
Desligo os faróis,
Não quero ser visto,
Vejo um cachorro lá
Só final da esquina,
Acendo os faróis
E pego aquele bicho
No colo.

Parado, eu deixo as flores,
Acendo outro cigarro,
Quase queimou sua orelha,
O devolvo ao asfalto.
Chego no próximo bar,
Compro um vinho,
Retorno ao meu carro,
E ele está lá estacionado
Ao lado de um outro
Em meio a rua.

Um cara passa irritada,
Me joga cerveja na cara,
Eu pego no pênis
Sobre minha calça e digo:
- cara, está é a porra toda.
Lá do retrovisor,
Eu vejo Gigi,
Rebolando na cara do tal esposo,
Só pode,
É coisa séria,
Eu sei que é
Eu a amo.

Gigi joga seus braços
Sobre o ombro do rapaz
Sentado naquela mesa,
E rebola bem devagarinho,
Ele lhe serve cerveja na boca,
E dá uns tapinhas naquela bunda.

Eu vejo que a situação é seria,
É amor.
Gigi não só não aceitou
Minhas flores,
Como nunca mais irá me querer,
Eu não sou capaz de ser como ele.

Este cara é fera.
Nada tarda,
E ela ganha aquele
Beijo molhado de cerveja.
Chega um carro atrás do meu,
Desvia,
Liga os faróis alto,
Buzina,
E eu penso se estou no
Lugar salto.

O rapaz tira uma K47,
E ela rebola no pente,
Definitivamente,
Eu não sirvo para Gigi,
O rapaz retira um cigarro
E acende.

Um rapaz fica sério lá no fim,
Do lado do barman,
O rapaz de Gigi
Ri do rapaz e fala:
- aí, você não dançou?
Dança rapaz.
O rapaz ficou sério .

-ninguém manda em mim.
O namorado de Gigi
Colocou o pente
E atirou.
O rapaz caiu na hora.
Eu liguei o carro
E fui embora,
Faz muito tempo
Que eu não danço.

Me arrependi daquele
Maldito buquê de flores.
O cachorro não se importou
Com aquilo,
Gigi sim,
E não gostou.
Meu vinho fez bem,
Me molhou a garganta,
Eu não chorei,
Românticos não choram,
Só amam demais.

Saí,
Mudei a marcha,
O namorado de Gigi
Estava preparado demais,
E desejado como nunca fui.
O cara no tiro,
É um pênis duro
Que não dorme.

Se eu chegar na garota,
Eu levo socos
Feito um doido,
Casada é casada.
Fui.
Eu confesso
Que entre uma prova
E outra eu espero a Gigi.

Mas, depois de pedir
Um beijo pra ela,
E ela dizer:
- espera.
Eu esperei,
Não achei errado
Pedir o beijo de Gigi
Ali de dentro do carro,
Em plena rua.

O cara achou.
Me desferiu um soco
Em pleno rosto,
Me deixou de nariz quebrado,
E vivo.
- deixa de ser amante o cara!
Ele gritou,
Depois que eu acordei,
Eu liguei o carro
E me preparei para ir,
E ele me meteu a K47
Nas costas.

Eu corri feito um louco,
E a bala pegando,
E eu indo,
E a bala zunindo.
E o cara rindo.
Mandei o carro rio abaixo,
Todo furadinho,
Troquei de carro,
Aluguei apartamento,
E coloquei no meu
Quintal uma plaquinha:
“vende-se”.

Não sou tigrão
Para viver do cheiro da Gigi não.
Toquei um punhetaço,
Dentro do carro,
Por trás do vidro fechado
E escurecido,
Limpei numa rosa vermelha ,
E joguei no pátio de Gigi
E fui para outro bairro,
Cara,
Nunca mais Gigi.

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