terça-feira, 4 de março de 2025

Passos Fundos

A moça lhe jurou amor,
Ele respondeu que lhe cria.
Convidou-a, então,
Para fazer parte de sua vida,
Isto lhes incluía uma viagem.

- querida, passaremos
Pela ribeirinha,
Passai por lá comigo
Mas não ousai de beber desta água.
Ela lhe deu a mão,
Foram pela beira do rio,
Escondidos por entre árvores,
Lá encontraram um barco,
Por ali iriam atravessar.

Ele soltou sua mão
Por único momento,
Ela agachou-se
Estendeu a mão em concha,
Serviu-se da água e bebeu.
A água estava com aspecto limpo.

Seu namorado,
Não virou-se para trás,
Ela concluiu.
“que bom,
Posso esconder isto dele,
Assim não se achará enganado”.

E nada disse.
Olhou em seus olhos,
Pegou sua mão,
Sentou-se ao seu lado,
Nada disse.

Chegando ao outro lado,
Encontrou pessoas diferentes,
Passadas firmes limpavam o chão
De pequenos matos,
Ela seguiu o caminho,
Chegou ao fim,
Encontrou lugar para banhar-se,
Retornou e nada disse.

Foi para lá outra vez,
Do lado da grande árvore
Que margeava o rio
Ela agachou-se
Juntou água em sua mão
E serviu-se.

Foi adiante,
Encontrou homens nus
A banhar-se,
Retornou de lá e nada disse.

Contudo, a noite chegou
E lhe trouxe febre,
O namorado saiu em busca
De chás fresco,
Ela bebeu do chá de sua mão.

Ao amanhecer seguiu
O caminho cujas passadas
Na terra ficavam mais profundas,
Encontrou um único homem lá
E ele fazia comida,
Num fogo ardente
Que energia do chão de terra.

Depois dele, vieram outros.
- coma da minha comida.
Ela recusou.
Mas foi até a água
E banhou sua mão,
Depois retornou de lá.
Chegou em seu namorado
E nada disse.

A febre se intensificou.
Ela olhou-o com ódio e
O culpou.
- sua mão possui poeira,
Este chá está contaminado.
Devolveu a ele a xícara
Sem esforço.

O homem virou-se
E tropeçou,
Teria caído no fogo
De sua tenda,
Mas ela foi rápida,
Levantou-se e o sustentou.

Ela travou um combate
Dentro de si mesma,
Admitir que amava alguém,
A aflição do medo de sofrer
Lhe consumia.

Ela foi seguir as pegadas
Que agora mais fundas
A prenderam no chão.
Ela poderia chamar seu namorado,
Pedir auxílio,
Ou tentar se mover.

Preferiu esforçar-se,
Aprendeu desde cedo
A ser forte
E isto parecia significar
Ter liberdade.
E ser sozinha.

Mas, pela primeira vez,
A ideia de solidão
Lhe causou medo,
Olhou para trás
Não encontrou seu namorado
E sentiu pavor.

Allah ouviu seus medos,
Mesmo aqueles guardados
No silêncio do seu coração,
Allah entendeu seu amor.
O coração dela estava em engano,
Ele soube entender,
Porquê Allah é sábio.

Ela não jurou não tocar
Mais em seu namorado,
Mas seu coração enganado,
Desejou distanciar-se dele,
Isto ocorreu em uma noite,
E agora ali presa e distante,
Isso poderia perpetuar-se.

Mesmo em pé
Ela elevou-se em prece,
E chamou alto pelo seu nome,
Não seria de outro alguém
Nem de si própria
Se seu engano
Significasse perde-lo.

Allah já havia ouvido.
Fez dela moça forte
E resistente,
Ela saiu dali por si mesma.

Convidou seu namorado
E foram para outro lugar,
Os homens que ouviam tudo
Abandonaram suas cismas,
Sentiram vergonha
Por estarem na terra
Que não lhes pertencia.

Mas Allah devolveu a mulher
Sua fé recompensada,
Fez do fogo o mais abrasador,
Este se tornou tão intenso
Que atacou os estranhos,
Feridos não puderam
Jogar-se na água,
Entraram eles também no engano
E atacaram uns aos outros.
Até não restar um único.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...