-estamos casados,
Podemos, agora,
Pensar nos filhos.
Ele lhe diz baixando
A xícara de café sobre a mesa.
Ela pega a faca,
Corta o pão,
Passa a manteiga,
Derrama açúcar
Com seus dedos.
Morde um pedaço,
Entrega a ele o resto.
- sim, querido.
Responde sorrindo.
- então, troque-se, amor.
Vamos comprar nossa casa.
Eu recebi um aumento de salário.
Ela sorriu,
Levanta-se escolhe no roupeiro
Calça e camisa social.
- que bom.
Estou tão feliz por nós.
Ela grita do quarto.
- no caminho
Nós podemos passar pela
Escola onde eu trabalho,
Estão organizando
Para caber novos cursos.
Ela diz.
Sorrindo,
Sem poder conter a alegria.
- estou trabalhando mais,
Vou receber aumento.
Agora eu sou a secretária escolar.
O esposo sorri da cozinha.
- ok. Escolhida a escola,
Adquirida a casa,
O carro está ótimo.
O posto de saúde
Próximo a nossa moradia
Logo ficará pronto.
Ele fala.
- ah, já está escolhido
O bairro?
Ela indaga.
- claro,
Próximo aos nossos trabalhos.
Ela sai do quarto.
Beija-o ternamente
No rosto, na testa,
Nos cabelos,
Nos lábios
E saem para o carro
Na garagem.
- enfim, adeus ao aluguel.
Ela diz ao sentar-se.
- sim. Também iremos
Comprar a mobília.
Ela diz,
Liga o carro.
Levanta o portão
Através do controle.
- tudo novo!
Que incrível.
Ela responde chorando.
O beija no rosto,
O abraça.
Saem para a rua,
Dobram a esquerda
E vão.
#
- nosso filho bateu na vó.
Ela fala da sala.
- o quê?
Ele indaga,
Tirando o casaco
E soltando sobre o sofá.
- seu casaco está molhado.
Ela responde,
Indo em direção ao sofá
E pegando o casaco.
- eu sei, choveu...
Ela o olha,
De frente para ele.
- então, não deixa ali.
Responde,
O beija rápido nos lábios
E leva o casaco até a lavanderia
De casa.
- nosso filho bateu na vó.
Ela fala de dentro da lavanderia.
- ela derramou pão sobre a mesa,
Ele disse que ficou enojado
Do resto do café
E estapeou ela no rosto...
Ela continua.
- agora ela está com hematomas.
Ela diz,
Abrindo o cesto de roupas,
Deixando o casaco lá.
- ele bateu em um colega.
O homem diz sério,
Indo até ela.
- um menino pisou no pé dele.
Sobre o tênis branco,
Feriu o pé do garoto,
Ele não teve calma.
A mãe levou a mão na boca.
Pegou no ombro do pai.
- então, foi sério?
Ela indagou.
- sim, o garoto estava de patins,
Ele o empurrou
Na direção de um caminhão.
Olhou seriamente
Para ela.
Pegou em seu rosto.
- a criança de doze anos morreu.
Ela beijou os lábios dela.
- teve o corpo esmagado,
Não resistiu a dor.
Falou e saiu.
- meu Deus,
Nosso filho,
E agora?
Ela indagou,
Cabeça baixa,
Triste.
- irão prende-lo?
Ele é uma criança,
Tem dez anos.
É gordinho.
Mas é criança.
Ela falou saindo
Da lavanderia em prantos.
- será processado.
Nós somos responsáveis legais
Por ele.
Ele virou-se para ela.
O abraçou.
- seremos todos processados.
Ela o abraçou,
Colou-se ao seu peito.
- em que erramos?
Será que é negligência escolar?
Ela indagou
Olhando a expressão do esposo.
Ele beijou seus cabelos.
#
- estou grávida enfermeira?
Grávida?
Carrego um filho na barriga?
Indagou a moça histérica.
- sim.
O exame diz:
É gravidez.
A enfermeira responde,
Conferindo seus sinais vitais.
- o maldito era um irresponsável.
Sumiu de onde morava,
Não deixou notícias.
A enfermeira olhou para o rosto
Da moça desesperada
Sentada naquela maca.
- sinto muito pelo namorado.
Agora você tem um filho
Com que se preocupar.
Ela apertou com carinho
A barriga da moça,
Virou-se.
- vou abortar.
Jamais levarei isto adiante.
A moça respondeu chorando.
- nada poderá me impedir.
Ela disse.
- o doutor não pode ter filhos.
Ele e a esposa são casados a vinte anos.
Nunca puderam ser pais.
A enfermeira disse.
Olhou para ela.
- ele paga bem.
E você não será uma assassina.
Ela disse
Seriamente,
Olhando a moça.
Enquanto se recostava
Na mesa de trabalho.
- estamos falando de quê valor?
Ela indagou.
- muito, garota.
Muito. É o sonho deles.
Chega a compadecer o coração.
#
- caramba, Jefferson.
Você subiu na parede
E derrubou a televisão?
Indagou a mãe,
Correndo até o garoto
De oito anos.
Olhando sua mão cortada,
Jorrando sangue.
- que ódio.
Como eu posso ir trabalhar
Se você não respeita ninguém.
Foi até a cozinha,
Achou o kit de primeiros socorros
No compartimento,
Voltou até a criança
E limpou o ferimento,
Depois passou pomada cicatrizante,
E enfaixou o ferimento.
- eu odeio todo
O gasto que você me dá.
Você risca as coisas
Com seu material escolar,
Corta o sofá,
Derruba a televisão nova,
Estraga minhas maquiagens
Pelo chão...
Ela voltou-se do quarto
E olhou séria o garoto.
- você usou meu batom
Na parede?
Ela indagou irritada,
Então,
Encontrou seu kit sex
No compartimento do roupeiro.
- irei deixá-lo preso.
Ao dizer isto, o algemou
Na parede.
Através de um encaixe.
- sem as chaves querido.
Respondeu,
Retirou as chaves e guardou
Na prateleira de livros.
- tchau.
Estou indo trabalhar.
Antes do horário da escola
Eu retorno.
Saiu e trancou a porta.
#
- certo, menina.
Sou a empregada.
Não chore.
Os vizinhos não podem reclamar.
Respondeu a empregada da casa.
Foi até a criança,
Bateu em seu rosto.
Depois deu-lhe remédio
Para adormecer.
As doze chegaram os pais.
- oi, Paula.
Como ficou Larinha?
Indagou a mãe,
Beijando o rosto da garota.
- ficou bem.
Mas mosquitos a atacaram.
Ela feriu o rostinho.
- meu Deus.
Disse o pai
E correu até a criança.
Encontrou-a dormindo
Com o rosto roxo.
Pegou a bebê de um ano
No colo.
- minha vida?
Como você está?
Indagou a mãe,
Beijando o rosto da menina.
E depois beijou o braço do pai.
- tem que comprar inseticida.
A empregada disse.
A criança passou a acordar
E ser espancada.
Os pais ficavam no trabalho.
Meses correram do mesmo modo.
- sua filha está morta.
A empregada disse,
Ao abrir a porta.
- o quê?
Ambos os pais gritaram.
- dengue.
Dengue hemorrágica.
Os pais correram até a filha
Desacordada,
Ergueram-na para o céu,
Se ajoelharam e choraram,
Ambos abraçados.
A criança chorou.
Ficou vermelha,
E abriu os olhos.
- um milagre, meu Deus?!
Gritaram aos prantos.
A moça correu até o quarto
Do casal,
Encontrou a enorme aranha
Que ela mesma trouxe na bolsa,
Retirou o sapato
E a matou.
- Veja só?!
Encontrei uma aranha enorme
No quarto de vocês.
Precisamos de mais inseticida.
Ela disse
E trouxe a aranha morta
Para a sala,
Onde estavam.
A criança a viu.
Chorou ainda mais.
A mãe não pode mais deixar
A filha com ela.
#
- condenado.
Você está condenado.
Três anos de interdição de direitos,
Irá ficar trancado em
Unidade de recuperação
De menor infrator.
Disse o juiz.
- você estuprou uma colega
De aula no banheiro escolar.
O garoto tinha quatorze anos.
Teve seu cabelo raspado,
Ganhou uniforme de preso,
Foi para a unidade para adolescentes.
Lá dividia a cela com treze
Outros garotos de idade similar.
A cama de cimento
Colada no chão,
Colchão ruim,
Cobertor fino de lã.
Banheiro que mal cabia
Uma pessoa magra,
Ele precisava fazer
Suas necessidades fora
Do banheiro na própria mão,
E jogar lá dentro,
Depois pedir para um amigo
Puxar a descarga.
Lavava as mãos ali mesmo
Com a água da torneira
Que usacam para beber água.
Logo emagreceu,
E coube lá dentro.
Foi muito melhor.
A privada de cimento
Era colada no chão,
Um quadrado onde mal coube.
Aprendeu a beber,
Aprendeu a comprar drogas,
Usar e vender.
- garoto, você está usando
Drogas aí dentro?
Indagou o carcerário.
- sai pra fora moleque!
Juntou as chaves,
Abriu a cela,
O retirou pelo braço.
Levou ele até próximo
A mangueira de água da rua,
Ligou a água fria
E jogou contra ele
Colado na parede.
Depois o pegou pelo braço
E o jogou lá dentro
Da cela.
Sem toalha.
Molhado.
- crie vergonha na cara!
Gritou e fechou.
- cara, estou com muito frio.
O garoto disse.
Passaram as horas,
O frio aumentou significativamente.
- preciso me secar.
O garoto disse,
Chorando e tossindo,
Roxo de tanto frio.
- vira a bunda.
Houve uma voz
Que falou.
Ele não olhou
Para ver quem disse.
Baixou a cabeça.
Virou o corpo para o lado,
Baixou o rosto
Para as mãos,
Puxou a calça molhada
E a cueca.
-ah ah ah.
Ouviram os gemidos.
Ninguém disse nada.
Ele ganhou a toalha
E ganhou um cobertor
Mais grosso.
Ele viu um envelope de preservativo masculino
Ser aberto
Por mãos
Que estavam na frente de seu rosto,
Contudo,
Passaram uma espécie de pó
Em sua bunda,
Ele não reconheceu isto.
De cobertor no corpo,
Ele dormiu tranquilo.
A noite,
No escuro.
Um alguém cheirou
Seu bumbum
E lambeu,
E fez sexo com ele
Por muitas horas.
Com um antebraço
Dentro de sua boca
Ele não disse nada,
Apenas chorou até
O dia clarear.
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